
Após oito anos de embates judiciais, J&F Investimentos e Paper Excellence chegaram a um acordo que encerra um dos mais intensos litígios empresariais do Brasil. A holding da família Batista assumirá a totalidade da Eldorado Celulose ao adquirir os 49% ainda pertencentes ao grupo indonésio.
O contrato que sela a transação e marca oficialmente o fim da disputa será assinado nesta quarta-feira (14). Com isso, a J&F passa a deter 100% da Eldorado, encerrando o conflito iniciado em 2017, quando vendeu o controle da empresa para a Paper Excellence.
O impasse ganhou contornos judiciais em 2018, quando a J&F contestou o cumprimento da operação e levou a questão aos tribunais. Desde então, as duas empresas travaram uma disputa acirrada envolvendo questões contratuais e controle acionário.
Com o novo acordo, ambas as partes colocam um ponto final em uma batalha que se arrastava há quase uma década e que mobilizou recursos bilionários e atenção do meio empresarial.
Justiça havia bloqueado venda da eldorado antes de acordo entre J&F e Paper Excellence
Antes do anúncio do acordo que encerra a disputa societária entre J&F e Paper Excellence, a Justiça Federal havia rejeitado mais uma tentativa da multinacional sino-indonésia de assumir o controle da Eldorado Brasil Celulose.
A decisão manteve o bloqueio à transferência de ações, reforçando os obstáculos legais enfrentados pelas partes ao longo do processo.
Terras rurais e capital estrangeiro travaram negócio
O ponto central da controvérsia estava relacionado à legalidade da aquisição da Eldorado por uma empresa de capital estrangeiro.
A companhia detém aproximadamente 450 mil hectares de terras rurais no Brasil, o que, segundo a legislação vigente, exige autorização do Incra e do Congresso Nacional para que a posse seja transferida a controladores estrangeiros — exigência que não havia sido cumprida.
O imbróglio gerou uma disputa judicial que se estendeu por oito anos, com embates simultâneos na Justiça brasileira e em arbitragem internacional.
O caso, considerado um dos mais relevantes do setor societário nos últimos tempos, tramita na 1ª Vara Federal de Três Lagoas (MS), onde ainda correm prazos para manifestações das partes envolvidas e do Ministério Público Federal.
Apesar do conflito jurídico, a Eldorado manteve resultados operacionais positivos. Em 2024, a empresa lucrou R$ 1,096 bilhão.
O Ebitda ajustado acumulado em 12 meses avançou 24%, atingindo R$ 3,2 bilhões, com margem de 51,4%, acima dos 46% registrados no ano anterior. A produção anual chegou a 1,786 milhão de toneladas de celulose, mesmo com parada geral programada.
Essa sequência de decisões judiciais e resistência regulatória compôs o pano de fundo para o desfecho alcançado entre as partes: um acordo definitivo que encerra a disputa e garante à J&F o controle total da Eldorado.
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