Escola precisa de polícia?

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Uma vereadora de Juiz de Fora apresentou Projeto de Lei que torna obrigatória a presença de um vigilante com arma de fogo em todas as escolas da rede municipal de Juiz de Fora. A proposta prevê, ainda, que as escolas elaborem um plano de emergência com protocolos de identificação, ação e fuga em potenciais situações de risco. Haveria um treinamento conjunto mensal – com conteúdo teórico e prático – e uma simulação surpresa semestral, conforme noticiado pela Tribuna de Minas.

Em que pese a boa intenção de “proteger nossas crianças”, se considerarmos as prioridades das escolas, o projeto é inócuo e até problemático, pois pode criar pânico e medo, em vez de investir num ambiente mais saudável para a aprendizagem. Não é prioridade a presença de guardas armados, que podem criar mais animosidade em escolas abandonadas, esquecidas no tempo, sem atrativo algum para crianças e jovens a não ser o encontro com amigos e a comida.

Pelas justificativas da vereadora (“não é incomum notícias de atentados violentos nas escolas do Brasil e do mundo”), o projeto foi motivado por um “sentimento” sobre as piores tragédias que aconteceram recentemente em escolas, sem estudos, estatísticas ou dados concretos da Educação.

Pois em vez de homens armados, outros profissionais são, no momento, extremamente necessários nas escolas:

Psicólogos: a presença de um psicólogo em cada escola se faz urgente para, justamente, prevenir conflitos que podem acabar em tragédias como as que motivaram o Projeto de Lei;

Artistas ou arte-educadores: há inúmeros estudos e estatísticas que comprovam a eficácia da arte para impulsionar o processo educacional;

Esportistas: ao lado da arte, o esporte deveria ser o carro-chefe do processo de ensino e aprendizagem nas escolas, pois são áreas que engajam os alunos e os motivam;

Parceiros para projetos e metodologias ativas: quando empresas, ONG’s e outros órgãos públicos levam projetos às escolas, criam novas possibilidades de aprendizagem e animam o ambiente escolar, impulsionando a motivação e o interesse dos estudantes;

Bibliotecários, agentes educacionais (ou qualquer nome que se queira dar ao antigo “inspetor de alunos”, função extinta, mas extremamente necessária no dia a dia escolar), secretários (pessoal administrativo) e coordenadores.

Ficam as dicas caso um(a) vereador(a) queira criar uma lei, de fato útil, para as escolas.

 

*Daniel dos Santos Barbosa é professor da rede municipal de ensino de Juiz de Fora

 

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