BB (BBAS3) sente efeito do agro e das normas do BC e suspende metas

Foto:Reprodução

O BB (BBAS3) anunciou a suspensão, para revisão, de suas projeções financeiras para 2025, incluindo lucro líquido ajustado, margem financeira bruta e custo do crédito.

A decisão, comunicada junto à divulgação dos resultados do primeiro trimestre, marca uma mudança de rota apenas três meses após o banco ter revelado seu guidance para o ano, estimando lucro entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões.

O recuo se dá em meio a dois choques simultâneos: o agravamento da inadimplência no agronegócio — setor onde o BB tem forte exposição — e os efeitos da resolução 4.966/2021 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que alterou a forma como os bancos devem calcular provisões para perdas esperadas e reconhecer receitas em seus balanços.

A norma, que entrou em vigor em janeiro, exige uma abordagem mais conservadora na avaliação da qualidade dos ativos.

Créditos classificados como de maior risco (estágio 3), por exemplo, só podem ter suas receitas registradas quando efetivamente recebidas, o que reduziu o resultado do banco neste início de ano.

“Em outros bancos, o impacto dessa mudança foi menor, porque eles já tinham uma visão mais conservadora. No BB, o impacto foi maior”, disse um analista de mercado.

Além disso, o desempenho da carteira agropecuária deteriorou. O índice de inadimplência chegou a 3,04% no trimestre, reflexo do acúmulo de operações problemáticas ainda relacionadas à safra de 2023/2024.

“Apesar do cenário positivo para a safra no Brasil em 2025, com uma colheita recorde, e do elevado percentual de garantias nesta carteira, há um estoque de operações que vem sendo tratado da safra 2023/2024, inclusive, por conta das recuperações judiciais no setor – que exigem maior provisionamento sob a nova regulação,” disse o banco em comunicado.

Resultado fraco amplia ceticismo e pressiona ações do BB

O impacto combinado da nova norma e da piora no agro levou o banco a entregar um resultado abaixo do esperado, o que acendeu o alerta para a necessidade de revisão nas metas. Segundo o Itaú BBA, o desempenho foi fraco “em quase todas as linhas, com o NII (margem financeira líquida) sendo o principal culpado, e sem uma solução rápida.”

Um analista ouvido pela reportagem destacou o ceticismo do mercado: “O BB sempre fala que isso vai melhorar nos próximos dois trimestres, mas esses dois trimestres nunca chegam.”

Embora o valuation atual do papel já embuta parte desses riscos — com o BB negociando a cerca de 4 vezes o lucro estimado —, analistas projetam um impacto negativo entre 10% e 15% nas ações nesta sexta-feira.

A performance do papel já vinha abaixo dos pares: enquanto Itaú e Bradesco acumulam altas de 35% em 2025, o BB sobe cerca de 23% no mesmo período.

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