Mata Atlântica é o único bioma a apresentar crescimento do desmatamento em 2024

mata atlatica portal gov

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Eventos climáticos extremos colaboram para aumento do desmatamento da Mata Atlântica (Foto: Repdorução portal Gov.br)

Segundo o MapBiomas, cinco dos seis biomas brasileiros registraram queda no desmatamento em 2024. A Mata Atlântica foi a única exceção, apresentando aumento de 2% em relação a 2023.

Na comparação com o ano anterior, a redução em 2024 foi de 32,4% na área desmatada e 26,9% sobre os alertas de desmatamento. Ao todo, foram desmatados em 2024 no Brasil 1.242.079 hectares e foram registrados 60.983 alertas no território nacional.

Os dados consolidados foram lançados nesta quarta-feira (14), na apresentação do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD).

Na comparação entre os dois anos, o Pantanal e o Pampa foram os biomas que apresentaram a maior redução das áreas desmatadas. O Cerrado aparece em terceiro lugar, seguido da Amazônia e da Caatinga.

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Veja o desmatamento registrado em 2024, em comparação com 2023

  • Pantanal – redução de 58,6%
  • Pampa – redução de 42,1%
  • Cerrado – redução de 41,2%
  • Amazônia – redução de 16,8%
  • Caatinga – redução de 13,4%
  • Mata Atlântica – crescimento de 2%

Eventos climáticos extremos 

Segundo Tasso Azevedo, coordenador geral do Mapbiomas, um dos dados monitorados pela instituição é a perda de vegetação nativa por causa de eventos extremos climáticos, e esse foi o motivo de a Mata Atlântica não ter acompanhado a diminuição do desmatamento observada nos demais biomas. “Se não tivesse os desmatamentos que foram computados por conta dos eventos extremos, o desmatamento teria sido 20% menor”, explica.

Área desmatada

Em 2024, por dia, a área média desmatada foi de 3.403 hectares e 141,8 hectares por hora. Dia 21 de junho, quando 3.542 hectares de vegetação nativa foram desmatados em 24 horas, foi o dia que registrou maior desmatamento no ano passado. No Cerrado, o ritmo da perda foi mais intenso: 1.786 hectares ao dia.

Na avaliação dos pesquisadores, esse resultado pode refletir três mudanças observadas nesse período. “Nesses últimos anos, foram construídos planos de enfrentamento ao desmatamento para todos os biomas, o que não havia antes. Outra questão é que aumentou a participação dos estados nas ações em relação ao desmatamento, em termo de atuarem mais nos embargos e autuações feitas pelo Ibama. O terceiro fator é a questão do crédito rural. Houve um aumento do uso desses dados para a concessão de crédito rural”, explica Tasso.

Cerrado com maior área desmatada

Apesar das reduções, em 2024, pelo segundo ano consecutivo, o Cerrado foi o bioma que registrou maior área desmatada no país com a subtração de mais de 652 mil hectares de vegetação nativa. “Essa mudança ocorreu pela primeira vez em 2023. A gente sempre teve historicamente o desmatamento concentrado em regiões da Amazônia. Esse ano, os dois biomas tiveram uma redução, mas ainda manteve o padrão anterior, porque o desmatamento do Cerrado foi maior que o da Amazônia”, alerta Marcos Rosa, coordenador técnico do Mapbiomas.

Regiões

A região da Amacro — polo agropecuário que abrange os estados do Amazonas, Acre e Rondônia — registrou queda no desmatamento pelo segundo ano consecutivo. Em 2024, foram contabilizados 5.753 alertas, totalizando 89.826 hectares desmatados, o que representa uma redução de 13% em comparação a 2023.

Na outra ponta, a região do Matopiba — formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — concentrou 42% de toda a perda de vegetação nativa no país. Foi também onde o Cerrado apresentou o maior índice de desmatamento, representando 75% da área desmatada no bioma.

Pará lidera o desmatamento no Brasil

Os quatro estados do Matopiba, além do Pará, lideraram o desmatamento no Brasil em 2024, respondendo por 65% da área total devastada.

Entre os estados com maior participação no desmatamento nacional, destacam-se Maranhão, Pará e Tocantins, que representaram, respectivamente, 17,6%, 12,6% e 12,3% da perda total de vegetação no país.

Na comparação entre 2023 e 2024, Goiás, Paraná e Espírito Santo registraram redução superior a 60% no desmatamento. Em contrapartida, os estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Acre apresentaram os maiores aumentos percentuais.

“No Rio Grande do Sul, todos os desmatamentos associados a eventos extremos ocorreram na Mata Atlântica, e não nos Pampas”, explica Natália Crusco, da equipe Mata Atlântica do Mapbiomas.

De acordo com a pesquisadora, eventos climáticos extremos ocorridos entre abril e maio de 2024 resultaram em grandes perdas de vegetação nativa no estado. Foram emitidos 627 alertas, que totalizaram 2.805,8 hectares de áreas naturais perdidas.

Municípios

Mais da metade dos municípios brasileiros (54%) tiveram ao menos um evento de desmatamento detectado e validado em 2024. Os quatro com maior aumento proporcional foram Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal — todos localizados no estado do Piauí.

Terras Indígenas

As terras indígenas brasileiras apresentaram redução de 24% na perda de vegetação nativa em 2024. Foram desmatados 15.938 hectares, o que corresponde a 1,3% do total nacional. A Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra (MA) manteve-se no topo do ranking, com 6.208 hectares desmatados — um aumento de 125% em relação ao ano anterior. Apenas 33% das terras indígenas do país tiveram algum episódio de desmatamento em 2024.

Unidades de Conservação

Nas Unidades de Conservação, a perda de vegetação nativa somou 57.930 hectares, o que representa uma queda de 42,5% em relação a 2023. A Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu (PA), localizada no bioma Amazônia, foi a mais afetada, com 6.413 hectares desmatados.

Autorizações

Com base em dados obtidos junto aos estados, o Relatório Anual do Desmatamento também traz informações sobre autorizações para supressão de vegetação, obtidas por meio de portais de transparência ou mediante solicitações aos órgãos ambientais estaduais.

Em 2024, 43% da área desmatada no Brasil tinha algum tipo de autorização. O Cerrado lidera nesse aspecto: 66% da vegetação suprimida no bioma foi autorizada. Na Amazônia, esse índice foi de apenas 14%.

Segundo Marcondes Coelho, pesquisador do Instituto Centro de Vida (ICV) e colaborador do Mapbiomas, o Maranhão — além de liderar em percentual de desmatamento — também foi o estado que menos forneceu informações sobre ações de fiscalização e autorizações ambientais.

“Depois de várias tentativas, recebemos duas bases de dados, mas as informações sobre autorizações, por exemplo, tinham restrições e não pudemos utilizá-las. O estado do Maranhão segue com dificuldade em garantir transparência sobre essas informações, fundamentais para o controle do desmatamento”, afirma.

Vetores

A análise da série histórica do Relatório Anual do Desmatamento, iniciada em 2019, mostra que o Brasil perdeu 9.880.551 hectares de vegetação nativa em seis anos. Desse total, 67% estão localizados na Amazônia Legal.

Segundo o Mapbiomas, mais de 97% do desmatamento no país entre 2019 e 2024 teve como vetor a pressão da agropecuária.

ebc

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