O dólar fechou nesta quinta-feira, 15, com alta firme no Brasil, na contramão do exterior, com o mercado se apegando a especulações de que o governo estaria preparando um conjunto de medidas para alavancar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026, ano eleitoral, com efeitos negativos para a área fiscal.
Mesmo com o desmentido do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o dólar à vista fechou em alta de 0,84%, aos R$ 5,6803. No mês, a divisa acumula leve alta de 0,07%.
Às 17h09 na B3 o dólar para junho — atualmente o mais líquido – subia 0,64%, aos R$ 5,6990. Veja cotações.
O que aconteceu hoje
Com o alívio na disputa tarifária entre Estados Unidos e China, após acordo de 90 dias entre os países nesta semana, os agentes foram em busca de novos motivos para operar no câmbio brasileiro. E nesta quinta-feira as especulações na imprensa de que o governo poderia lançar medidas econômicas para melhorar a avaliação de Lula deram motivo para a busca por dólares.
Por trás do movimento está a avaliação de que as medidas podem dificultar ainda mais o equilíbrio fiscal — principal ponto fraco do governo Lula, na avaliação dos economistas.
Pouco depois das 14h20, em meio às especulações sobre um possível pacote, o dólar renovou máximas ante o real, com altas superiores a 1%.
Em meio ao estresse, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, decidiu dar uma rápida entrevista a jornalistas em Brasília. Segundo ele, as únicas medidas preparadas por sua pasta para envio a Lula são pontuais e para cumprimento da meta fiscal.
“As únicas medidas que estão sendo preparadas para levar ao conhecimento do presidente semana que vem são medidas pontuais para o cumprimento da meta fiscal, como nós fizemos no ano passado”, disse, acrescentando que o Orçamento de 2026 ainda não começou a ser discutido.
Na noite de quarta-feira, após a Veja noticiar que o Ministério do Desenvolvimento Social estaria preparando uma proposta para reajustar o valor do Bolsa Família de R$600 para R$700 a partir de janeiro de 2026, o ministro da pasta, Wellington Dias, disse à Reuters que não há estudo e nem proposta nesse sentido.
Questionado sobre o assunto nesta quinta-feira, Haddad reforçou: “Não há da parte do MDS pressão sobre a área econômica para absolutamente nenhuma iniciativa nova. Isso vale para os demais ministérios”.
O desmentido de Haddad fez o dólar perder força ante o real e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) desacelerarem — mas o movimento foi momentâneo. Profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que, ainda que Haddad tenha negado mais uma vez, em nome do governo, as especulações sobre medidas fiscais, o mercado se apegou aos ruídos para operar.
“É especulação, mais do que qualquer coisa”, comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, ao justificar o avanço firme do dólar ante o real, mesmo com as negativas do governo.
“O mercado anda parado, de lado, após o acordo entre EUA e China, então tem que surgir algo para os especuladores ganharem dinheiro. E o dólar também estava barato nos níveis próximos de R$ 5,60”, acrescentou.
Outro operador ouvido pela Reuters fez a mesma avaliação, dizendo que os agentes preferiram se apegar aos ruídos que às falas de Haddad.
Às 15h15 — já após os comentários do ministro — o dólar à vista marcou a cotação máxima de R$5,7071 (+0,92%), para depois voltar para abaixo deste nível.
O avanço do dólar no Brasil esteve na contramão do exterior, onde a moeda norte-americana cedeu ante boa parte das demais divisas, em reação a dados fracos do varejo norte-americano divulgados mais cedo.
Às 17h37, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,18%, a 100,820.
Pela manhã, o BC vendeu toda a oferta de 25.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de junho de 2025.
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