Brasil é eixo estratégico para a expansão global da Sinovac, diz CEO

À frente da farmacêutica chinesa Sinovac, Yin Weidong vê a América Latina — e especialmente o Brasil — como eixo estratégico para a expansão internacional da companhia. O executivo detalha os planos de longo prazo da empresa na região, que incluem transferência de tecnologia, parcerias com empresas locais, construção de fábricas, acordos com governos e ampliação do portfólio de vacinas.

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Yin também destaca a importância da parceria com o Instituto Butantan durante a pandemia, os investimentos com o Tecpar e a colaboração com organismos multilaterais como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Confira a entrevista completa:

Quais países são mais relevantes para a Sinovac atualmente? Qual é a importância do Brasil na composição de receita e volume de vendas da empresa?

Mr. Yin: Originalmente, a Sinovac era uma empresa de vacinas com foco principal na China. No cenário internacional, Brasil, Turquia e Indonésia estão entre os mercados mais estratégicos para a Sinovac. A escolha se deve ao fato de que são países com grande população, bom desenvolvimento econômico — em geral, países em desenvolvimento —, com capacidade de vigilância epidemiológica e que conseguem investir em questões de saúde.

A internacionalização da Sinovac começou com a pandemia da CoronaVac ou a empresa já olhava para além da China antes disso?

Mr. Yin: Nossa internacionalização não começou com a Covid-19. Há 20 anos, quando iniciamos o desenvolvimento da vacina contra a hepatite A — levando em conta que a China tem mais de 1,4 bilhão de habitantes —, já adotávamos padrões internacionais de qualidade para nossos imunizantes. Naquela época, começamos a registrar a vacina de hepatite A em diversos países, e hoje ela já é reconhecida em mais de 60 nações. Nosso objetivo sempre foi desenvolver vacinas na China, mas com distribuição global desde o início. É verdade que, durante a pandemia, esse movimento se tornou muito mais visível, com a CoronaVac colocando a Sinovac no centro das atenções internacionais.

Como foi estruturada a parceria da Sinovac com o Instituto Butantan para a produção da CoronaVac no Brasil?

Mr. Yin: Nossa colaboração com o Instituto Butantan foi organizada em diferentes etapas. Primeiro, conduzimos os ensaios clínicos da CoronaVac no Brasil. Depois, passamos à fase de produção: a Sinovac fornecia as vacinas em estágio intermediário, e o Butantan realizava o processo de envase e finalização no país. A parceria com o Butantan é estratégica, pois tem como objetivo a transferência de tecnologia. Planejamos realizar investimentos locais e, com isso, viabilizar a construção de uma fábrica no Brasil, que permitirá ao país desenvolver autonomia para lidar com futuras emergências sanitárias.

Quais os planos da Sinovac para investimentos no Brasil além da parceria com o Butantan?

Mr. Yin: Desde o ano passado, mantemos um diálogo constante com o governo brasileiro, incluindo o Ministério da Saúde, o Ministério da Indústria e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. Temos recebido um forte incentivo para participar da política de reindustrialização que está sendo desenhada no país. Dentro desse contexto, firmamos uma parceria com o Tecpar, um investimento de US$ 100 milhões. O primeiro passo é identificar parceiros locais para o desenvolvimento conjunto de uma planta de produção de vacinas voltada ao atendimento do Programa Nacional de Imunizações. O objetivo é alcançar a produção local integral, ampliando a autossuficiência do país no setor.

Quais são as principais estratégias da Sinovac para ampliar sua presença na América Latina além do Brasil?

Mr. Yin: A América Latina tem um grande mercado, uma estrutura de vigilância epidemiológica bastante sólida e uma demanda significativa por vacinas. Podemos dizer que, em termos de vigilância de doenças, a região está entre as mais avançadas do mundo, ficando atrás apenas da Europa. Nossa abordagem tem sido pautada em colaborações diretas com os governos locais.

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No Chile, por exemplo, realizamos diversas reuniões com autoridades, incluindo o presidente do país, e contamos com o apoio de vários ministros. Este ano, vencemos a licitação nacional da vacina contra a gripe e nos tornamos o único fornecedor do imunizante para o Programa Nacional de Imunizações. Faremos um investimento de longo prazo no país, com o objetivo de ampliar nosso portfólio de vacinas e utilizar essa planta como base de distribuição para países vizinhos.

Já na Colômbia, seguimos um modelo diferente. Estabelecemos uma parceria com o governo do Distrito de Bogotá (capital do país) por meio de uma joint venture chamada Bogotá Bio.

Também mantemos uma colaboração estratégica com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Juntos, realizamos uma análise da demanda de vacinas em toda a América Latina. No ano passado, por exemplo, houve uma emergência no Brasil devido às enchentes, e fomos a única empresa capaz de fornecer mais de 1 milhão de doses da vacina contra hepatite A em tempo recorde. Ainda no mesmo ano, também atendemos a uma compra emergencial de vacinas contra a gripe no Chile.

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