
A Casas Bahia definiu um passo importante para escrever um novo capítulo em sua trajetória. Após seis trimestres consecutivos de um alto desempenho operacional, o grupo parte agora para a transformação de sua estrutura de capital. A medida resultará em uma expressiva redução de dívidas da companhia, que permite a abertura para retomar a onda de crescimento.
Para o CEO, Renato Franklin, a operação representa uma virada na história da empresa. “Vai tirar uma bola de ferro dos nossos pés”, diz. “O grupo tem entregado melhoria a cada trimestre e isso fará o ebitda crescer até o fim do ano.”
Como será a operação?
A nova estrutura de capital está ancorada em dois pilares principais. O primeiro deles é a antecipação da conversão integral da Série 2 de debêntures, no valor de R$1,6 bilhão, em ações da companhia.
A operação, que estava prevista para outubro de 2025, foi antecipada para junho a pedido dos próprios credores.
A conversão será feita com base no preço médio ponderado dos 90 dias anteriores, multiplicado por 80%. Considerando a cotação de 4 de junho como referência, o preço por ação seria de R$4,75.
O segundo movimento da operação envolve o reperfilamento (redefinição) da Série 1 de debêntures detida parcialmente por bancos. Pelo novo acordo, o vencimento do montante principal foi prorrogado de novembro de 2026 para novembro de 2027.
Os juros também terão carência adicional de 12 meses. Com isso, a companhia estima um alívio de aproximadamente R$400 milhões no fluxo de caixa nos próximos dois anos.
Combinadas, as medidas deverão gerar impactos profundos na estrutura financeira da empresa. A dívida bruta – que contém as debêntures e outras linhas de crédito – cairá dos atuais R$5,84 bilhões para R$4,27 bilhões, enquanto a dívida líquida com fornecedores/CDCI será reduzida de R$3,37 bilhões para R$1,81 bilhão.
Quais benefícios desta operação?
A alavancagem, medida através da relação entre a dívida líquida e ebitda ajustado, será cortada pela metade – de 1,6x para 0,8x. O patrimônio líquido sairá de R$2,09 bilhões para R$3,65 bilhões, aumentando significativamente a solidez da companhia.
A redução do custo da dívida aparece como um outro benefício de suma importância. O grupo calcula que, com a conversão da série 2 de debêntures, a redução das despesas financeiras levará à uma economia anual de R$230 milhões.
Os limites do poder de compra da companhia também devem aumentar, devido a melhora na percepção de risco da companhia no mercado, impactando a relação do grupo com fornecedores e credores.
Mudança de rota da companhia
O Grupo Casas Bahia passa por grandes mudanças desde agosto de 2023, quando instaurou o seu Plano de Transformação. A iniciativa reequilibrou as dívidas bancárias da companhia, resgatou a rentabilidade e elevou, de forma considerável, o retorno sobre o capital investido.
O anúncio da operação financeira foi feito na última quinta-feira (5) e deverá ser aprovado pelo Conselho Administrativo nessa semana. A assembleia dos debenturistas está prevista para o final do mês.
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