Ao sair de reunião para tratar das novas medidas do governo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (10) no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que elas buscam fazer “justiça tributária” no país.
Na reunião, que contou com a presença de ministros e líderes partidários e do governo nas duas casas do Congresso, o presidente teria deixado claro que é preciso encontrar uma solução para a necessidade de ampliar a arrecadação, mas sem gerar novas indisposições com os parlamentares.
Relatos dos participantes da reunião feitos à imprensa disseram que Lula revelou o receio de o governo ficar com uma imagem de gerador de impostos.
O presidente Lula teria demonstrado a sua preocupação de ficar com a imagem associada à alta de tributos, visão amplamente impopular.
Esse temor do líder petista já encontra eco nas recentes pesquisas divulgadas por institutos de opinião.
Pesquisa mostra que governo exagera nos impostos
Levantamento Genial/Quaest divulgado nesta segunda (9) revelou que 48% dos brasileiros consideram que o governo Lula “tem exagerado” nas propostas de aumento de taxas e impostos recentemente apresentadas.
A pesquisa também mostra que 41% dos entrevistados acreditam que o presidente está “fazendo justiça” com as medidas tributárias, como disse Haddad.
No cruzamento entre o voto no 2º turno das eleições presidenciais em 2022 e a aprovação das taxas, 63% dos que votaram em Lula acham que o atual governo está “fazendo justiça” com os novos impostos.
Entre os que consideram os impostos um exagero, há uma diferença de 47 pontos: 72% dos bolsonaristas desaprovam as medidas contra 25% dos lulistas.
A aceitação das propostas varia significativamente entre diferentes grupos demográficos. Em relação à renda, 46% dos que recebem até 2 salários mínimos consideram que Lula está sendo justo contra 41% que veem exagero nas medidas.
O cenário se inverte na faixa de maior renda. Entre brasileiros que ganham mais de cinco salários mínimos, 54% afirmam haver exagero nas propostas tributárias, contra 37% que enxergam justiça nas iniciativas do governo federal.
CNI critica pacote de medidas
Quem também criticou a posição apresentada pelo ministro da Fazenda de que o governo busca fazer “justiça tributária” foi o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban.
Em comunicado assinado por Alban, a CNI criticou as propostas do governo para aumentar taxas e contornar o impasse do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
A entidade afirma no comunicado que as medidas apresentadas pelo governo Lula não fazem justiça tributária no país.
“O crédito vai ficar ainda mais caro. No fim das contas, quem vai arcar com isso é o consumidor. É inadmissível continuar prorrogando essa situação. O Brasil precisa, com urgência, de uma reforma que traga justiça tributária de verdade”, disse Ricardo Alban.
O presidente da CNI também afirmou que o setor já está “sufocado” pelas taxas de juros cobradas em empréstimos.
A confederação cobrou a equipe econômica por reformas que imponham cortes de gastos, posição ausente até aqui nos anúncios do governo.
“Deve-se considerar o aumento da tributação sobre apostas on-line (bets), avançar na reforma administrativa, gerenciar com mais racionalidade os gastos públicos, além de implementar modernização das leis trabalhistas”, afirma o texto assinado por Ricardo Alban.
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