Passada toda a euforia da keynote de abertura da WWDC25, como já é tradição, alguns executivos da Apple concedem entrevistas para detalhar melhor alguns aspectos da conferência. Um dos assuntos mais abordados neste ano, é claro, é a ausência de anúncios relacionados à Siri.
Não é para menos, uma vez que a assistente foi uma das grandes estrelas da conferência no ano passado, mas acabou tendo seus recursos anunciados adiados e sequer foi citada na keynote deste ano. Em entrevista a YouTuber iJustine, o chefe de engenharia de software da Apple, Craig Federighi, falou sobre o tema.
Confirmando o que foi amplamente aventado, ele afirmou que a empresa tinha trabalhado duro internamente nos recursos, mas não o suficiente para lançá-los: “Não fomos capazes de adotar a abordagem que estávamos adotando para o nível de qualidade no prazo que inicialmente pensávamos que poderíamos”, disse.
Mesmo com a Apple prometendo as novidades para o ano que vem, Federighi adotou uma postura mais cautelosa ao falar sobre datas, afirmando que a empresa não quer se comprometer com isso até que tenha os recursos em mãos. A Apple, vale recordar, foi acusada de exibir protótipos dos recursos na WWDC passada.
O maior responsável por essa afirmação foi o renomado John Gruber, que curiosamente foi atendido pelos executivos da empresa este ano, os quais geralmente participavam do tradicional The Talk Show Live pós-abertura da WWDC.
Nada de protótipos!
Ao Tom’s Guide, Federighi explicou que a Apple estava trabalhando em duas arquiteturas adjacentes para a Siri. Uma delas era a V1, a qual teria sido usada nas demonstrações iniciais, mas acabou não evoluindo o suficiente em coisas como compreensão de linguagem, confiabilidade, integração e buscas.
Percebendo isso, a Apple decidiu abandonar a V1 e migrar esse desenvolvimento para uma nova arquitetura (V2), que era necessária para entregar uma solução completa aos clientes. Isso implicou em recomeçar parte do trabalho e, consequentemente, resultou no adiamento do lançamento até que tudo esteja pronto.
Falando com Joanna Stern, do The Wall Street Journal, Federighi rejeitou a ideia de que a Apple apresentou protótipos dos recursos da Siri na WWDC24, afirmando que a empresa mostrou um software real em funcionamento com um modelo grande de linguagem real e com pesquisa semântica real.
O chefe de presidente de software da empresa, Greg Joswiak, classificou essa ideia como uma “narrativa”, afirmou que a Apple não quer “desapontar” seus consumidores e disse que seria mais desapontador distribuir um recurso que apresentava uma taxa de erros considerada inaceitável para a empresa.
Questionado sobre o porquê a Apple não conseguiu fazer isso funcionar mesmo com todo o seu dinheiro, Federighi afirmou que trata-se de uma nova tecnologia e que ninguém está conseguindo integrá-la a seus dispositivos localmente bem no momento. “Nós queríamos ser os primeiros”.
Chatbot da Apple?
Voltando à entrevista com iJustine, Federighi também falou sobre a possibilidade de a Apple lançar um chatbot tradicional, rechaçando essa ideia devido à imaturidade da tecnologia e às fraquezas que ela pode expor aos usuários. “Não vamos pegar esse adolescente e dizer a ele para pilotar um avião”, disse Federighi.
O ex-chefe da Siri e agora responsável exclusivamente por recursos de IA, John Giannandrea, foi na mesma linha e disse que a Apple Intelligence foi “cuidadosamente projetada para não mostrar o pior comportamento” dos modelos de IA da empresa, destacando a responsabilidade da Apple nesse sentido.