Desaparecidos: mãe vive há 10 anos a angústia do desaparecimento da filha grávida

No dia 16 de março de 2015, a vida de uma mãe parou. Érika Rodrigues, de 38 anos e grávida de quatro meses, desapareceu após uma forte chuva em Campinas. Desde então, a rotina de Aparecida Vicentini é marcada por dor, fé e pela incerteza.

Érika havia saído do trabalho e seguia para buscar o marido quando seu carro foi levado pela enxurrada e lançado para dentro do Córrego Piçarrão. Após buscas, o veículo foi encontrado a cerca de dois quilômetros do ponto onde teria sido arrastado, com a chave ainda no contato. Mas sem sinais de Érika.

“Ligaram que tinham achado o carro, mas não tinha bolsa, não tinha celular, não tinha nada. E aí, nunca mais eu vi minha filha”,

conta Aparecida.

Buscas após desaparecimento

Durante semanas, o Corpo de Bombeiros fez buscas em diferentes regiões — Campinas, Piracicaba, Capivari. Uma das hipóteses levantadas era de que o corpo da psicóloga poderia ter sido levado até a cidade de Monte Mor, já que o Piçarrão deságua no Rio Capivari. No entanto, no dia 6 de abril, menos de um mês após o desaparecimento, as buscas foram oficialmente suspensas. Decisão que não foi bem recebida pelos familiares.

“Fez o boletim de ocorrência. Pra ser sincera, não foi assim tanta atenção, como se uma pessoa famosa, uma pessoa importante, sabe? Acho que eles teriam tratado do assunto com mais atenção. Eles falaram que se eu tivesse algum parecer, era só ir lá que eles iriam investigar, mas foi comprado um notebook no nome da Erika, aí procura no Google que mostra o lugar, mostrou até a casa onde era, em São Paulo. Nós fomos lá falar pra ele. Ele foi atrás? Não, disse que não podia. Lá era outra área, não podia ir lá investigar”,

lamenta a mãe de Érika.

Desaparecimento e esperança

Desde então, Aparecida vive com a ferida aberta. Todos os dias, antes de sair para trabalhar, ela reza o Salmo 91 e conversa com a foto da filha. É o ritual de quem busca forças para suportar a ausência.

“A pior dor do mundo é a dor da incerteza. Se você perde uma pessoa, você encontra, sepulta, você sabe que está lá. Mas eu não encontrei nada. Não encontrei a bolsa, não encontrei o celular, não encontrei um pedaço de roupa, não encontrei um sapato, não encontrei nada. Por isso, eu tenho esperança”,

afirma.

Desde que Érika desapareceu, a mãe tenta seguir a vida da melhor forma possível. Mas, por trás das tarefas diárias, existe uma dor silenciosa e um vazio que nada preenche.

“É um vazio, é uma dor, é um buraco aqui. Eu levanto, eu rezo, eu cuido das minhas criações, eu vou para o trabalho, volto para casa, cozinho, cuido da minha casa e do meu filho e no outro dia tudo de novo, tudo de novo, tudo de novo”,

afirma.

O mês de março traz para Aparecida não apenas lembranças dolorosas, mas também um momento de reflexão profunda – e ela escolhe permanecer onde tudo aconteceu. Essa decisão é uma forma de manter viva a memória da filha, enfrentando a saudade e a incerteza com coragem, mesmo que isso signifique viver a dor de perto, ano após ano. “Todo mês de março eu saio de férias e fico aqui. Não vou a lugar nenhum, eu fico aqui”, conta.

O que diz a SSP?

A SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado) informou que o caso é investigado pela DEIC (Divisão Especializada de Investigações Criminais) de Campinas. A perícia feita no local onde o carro foi encontrado não encontrou indícios de crime. O companheiro de Érika chegou a ser investigado, mas, segundo a SSP, não há elementos que indiquem envolvimento dele. A compra registrada em nome de Érika após o desaparecimento, segundo a pasta, também foi feita por ele e não apresentava sinais de fraude. De acordo com a secretaria, até o momento, não há evidências que sustentem outra linha investigativa além de uma fatalidade decorrente de um evento natural.

Plataforma

A EPTV e o acidade on lançam nesta segunda-feira (9) uma plataforma para divulgar informações sobre desaparecidos na área de cobertura do Grupo EP. Essa é a única página na internet com esse tipo de serviço aqui no estado de São Paulo.

Famílias ou conhecidos que tem casos de entes próximos que desapareceram podem usar a plataforma para reportar esse tipo de situação. A iniciativa está disponível para as praças de Araraquara, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto e São Carlos.

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Além de informações sobre pessoas desaparecidas, também é possível conferir na página reportagens de serviços como, por exemplo, o programa que integra câmeras de monitoramento das prefeituras ao banco de dados do estado para ajudar a encontrar quem está desaparecido.

Todo conteúdo pode ser encontrado no https://www.acidadeon.com/desaparecidos/.

Série Desaparecidos

Com o lançamento da plataforma, o EPTV1 está exibindo uma série de reportagens especiais com histórias de pessoas que buscam informações de familiares que sumiram de uma hora para outra e que vivem o drama da espera por notícias, e a esperança do reencontro, de um final feliz.

Já o EPTV2 vai contar com reportagens de serviço e orientações voltadas para os familiares e conhecidos dos desaparecidos, como, por exemplo, qual é o procedimento necessário para reportar às autoridades esse tipo de situação.

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