Nos últimos anos, o mercado de e-commerce passou por transformações significativas, mas talvez a mudança mais notável seja a transição das plataformas de simples varejistas para complexos ecossistemas financeiros.
De acordo com Luis Moraes, head de banking da Celcoin, esse processo está apenas começando, e os próximos passos podem redefinir completamente o papel do e-commerce na economia global.
Em uma entrevista com a BP Money durante o VTEX Day 2025, Moraes destacou como as empresas de e-commerce estão expandindo suas operações para além da venda de produtos, incluindo serviços financeiros próprios, como meios de pagamento e soluções de crédito.
Este movimento representa uma revolução na forma como as plataformas online interagem com seus consumidores e se posicionam no mercado.
A transformação do e-commerce: mais do que compras e vendas
Quando pensamos em e-commerce, a imagem mais comum é a de uma plataforma que conecta compradores e vendedores.
No entanto, de acordo com Luis Moraes, isso está longe de ser o fim da história. Ele argumenta que, enquanto o papel de conectar compradores a vendedores continua sendo essencial, os e-commerces agora estão percebendo um novo potencial dentro de seus próprios ecossistemas.
“Os e-commerces estão vendo uma grande quantidade de transações financeiras acontecendo dentro das suas plataformas. E o que eles perceberam é que essa movimentação de dinheiro pode ser aproveitada para fortalecer algo ainda mais importante: o relacionamento com seus clientes“, afirmou Moraes.
Essa mudança de foco representa um avanço significativo. Ao invés de simplesmente focar nas transações de compra e venda, os e-commerces estão se tornando plataformas multifacetadas, com uma gama mais ampla de serviços.
O especialista da Celcoin explica que, ao adotar novos serviços financeiros, as plataformas de e-commerce estão passando a se ver não apenas como um ponto de transação, mas como centros completos de serviços financeiros.
O papel crescente dos serviços financeiros no e-commerce
Moraes explica que a mudança se dá devido à constante evolução das necessidades dos consumidores e ao aumento da competitividade no setor.
“Hoje, muitos e-commerces estão em um ponto de inflexão. Eles estão deixando de ser apenas uma plataforma que conecta vendedores a compradores, e estão se transformando em algo muito mais complexo“, comentou.
Ele acredita que a criação de soluções financeiras próprias dentro dessas plataformas é um passo natural para muitas empresas que já possuem uma base de clientes sólida e transações financeiras em grande escala.
A chave para entender essa evolução está na questão do relacionamento. Como mencionou Moraes, “esses e-commerces estão fazendo seus próprios meios de pagamento, criando suas próprias soluções de crédito e oferecendo uma série de novos serviços financeiros, mas tudo isso é feito mantendo um vínculo estreito com os clientes”.
Ele ainda pontuou que, com isso, as plataformas não apenas oferecem uma gama mais ampla de produtos financeiros, mas também fortalecem a confiança e a fidelidade do consumidor, um fator essencial para garantir a sustentabilidade a longo prazo.
Ecossistemas financeiros dentro do e-commerce
O conceito de “ecossistema financeiro” mencionado por Luis Moraes é fundamental para entender como os e-commerces estão remodelando o setor.
Ele explica que, ao invés de simplesmente vender produtos, as plataformas estão criando espaços onde os consumidores podem interagir com uma série de serviços financeiros que antes eram exclusivos de bancos ou outras instituições financeiras.
“Esses e-commerces estão transformando suas plataformas em um lugar onde os consumidores podem não só comprar, mas também gerenciar suas finanças de maneira mais integrada“, disse Moraes.
A criação de soluções financeiras dentro dos e-commerces tem implicações profundas. Ao se tornar uma plataforma que não apenas oferece produtos, mas também serviços como crédito, pagamentos e até investimentos, essas empresas passam a ter um controle ainda maior sobre os dados de seus consumidores.
Isso, por sua vez, cria novas oportunidades para personalizar as ofertas, segmentar o mercado de maneira mais eficaz e aumentar a receita por meio de novos serviços e taxas de juros aplicadas ao crédito, por exemplo. Para Luis Moraes, esse processo é essencial para a evolução dos e-commerces no futuro.
Ele afirma: “O e-commerce não pode mais ser visto apenas como uma loja online. Está se tornando um centro completo de serviços financeiros, com seu próprio conjunto de soluções.“
Transformação no relacionamento com os clientes
Outro ponto central da entrevista com Luis Moraes foi a importância do relacionamento com os clientes no novo modelo de negócios que os e-commerces estão adotando. Em sua análise, ele afirmou que, ao adicionar novos serviços financeiros à plataforma, o e-commerce tem a chance de se tornar uma parte ainda mais relevante da vida financeira dos consumidores.
“Quando um e-commerce oferece soluções financeiras próprias, ele não está mais apenas vendendo produtos. Ele está criando uma relação de confiança contínua com os consumidores, o que é algo que os bancos tradicionais têm tentado construir por décadas“, explicou Moraes.
Sendo assim, a capacidade de manter um relacionamento sólido e constante com os consumidores é um dos principais fatores que garante o sucesso dessa nova abordagem.
Dessa forma, para ilustrar, o especialista destacou que os e-commerces estão se posicionando como centros de serviços financeiros capazes de oferecer aos seus usuários uma experiência mais fluida e integrada.
“Ao oferecer soluções financeiras dentro do mesmo ecossistema em que o consumidor já realiza suas compras, as plataformas criam uma relação contínua que vai além de uma simples transação”, afirmou Moraes.
Luis Moraes acredita que, à medida que os e-commerces continuarem a incorporar serviços financeiros, as empresas de varejo online estarão cada vez mais posicionadas como “plataformas completas” que não apenas facilitam compras, mas também ajudam os consumidores a gerenciar sua vida financeira de maneira mais eficiente.
Ele afirma que, em breve, será comum os e-commerces ofereçam produtos como empréstimos pessoais, financiamentos, serviços de pagamento e até seguros.
“Estamos falando de uma mudança de mentalidade”, comentou o especialista. “O e-commerce está indo além da venda de produtos. Eles estão criando plataformas que atendem às necessidades financeiras dos consumidores de forma mais completa, oferecendo produtos financeiros inovadores, como crédito pessoal, e até serviços de pagamento como uma alternativa aos bancos tradicionais.”
Portanto, essa mudança vai de encontro ao conceito de “banca aberta”, onde diferentes serviços financeiros estão sendo integrados em plataformas digitais de maneira que nunca se viu antes.
O futuro do e-commerce financeiro: novas oportunidades e desafios
A revolução que Luis Moraes descreve não se limita às soluções financeiras que os e-commerces estão criando. Ele também vê um potencial significativo no impacto que esses serviços terão sobre o mercado de crédito e outros setores financeiros.
Além disso, ao oferecer soluções financeiras dentro de seus próprios ecossistemas, as plataformas estão, essencialmente, criando novos mercados e novos tipos de relacionamento com seus clientes.
Contudo, Moraes também alertou para os desafios dessa transição. “Com a ampliação do portfólio de serviços financeiros, surgem novos desafios regulatórios. E, além disso, as empresas de e-commerce precisarão garantir que sua infraestrutura de TI seja robusta o suficiente para lidar com as necessidades de segurança e conformidade“, disse ele.
Em suma, mesmo com esses desafios, a promessa de um mercado mais integrado e eficiente parece ser uma tendência clara para o futuro.
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