
As atualizações envolvendo o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) seguem ocupando espaço na cabeça de investidores, operadores de mercado e empresários — especialmente os varejistas. Dentre os impactos para o setor está o encarecimento do crédito e das operações de câmbio, que elevam os custos operacionais.
As mudanças no IOF envolvem o aumento da alíquota fixa de 1,88% para 3,95%, e da diária, de 0,0041% para 0,0082%, elevando o teto anual de 1,88% para 3,95%. Já as empresas optantes pelo Simples Nacional enfrentam aumento da alíquota anual de 0,88% para 1,95%.
A elevação do imposto acarreta maior despesa financeira com crédito, financiamento e operações cambiais — especialmente se a companhia depender de financiamento externo. “Com uma maior parte do seu capital comprometido, a companhia poderá recorrer com mais frequência a antecipações de recebíveis. Esse aumento na demanda geral pode encarecer a antecipação e reduzir o valor obtido”, explicou Angelo Belitardo, gestor da Hike Capital.
A elevação do IOF, em um cenário de juros globais em patamares restritivos, tende a desacelerar novos investimentos por parte das organizações, bem como o consumo das famílias. Consequentemente, é possível que haja aumento nos custos de estocagem e armazenamento e perda de eficiência, impactando diretamente as margens de lucro.
“As varejistas que realizam compras internacionais também terão um aumento em seus custos logísticos e de transporte”, acrescentou.
Diante do cenário, o especialista em investimentos e planejador financeiro Ruam Oliveira trouxe três exemplos práticos do impacto no operacional: “O aumento no custo de capital encarece o financiamento da aquisição de estoques (ex: vestuário para nova coleção); a necessidade de crédito para financiar ações de marketing também será mais onerosa; investimentos em vitrines, manequins e estrutura de loja são afetados, pois também costumam ser financiados com capital de giro.”
Como investidores podem se proteger
Em meio a um cenário de alta dos juros, aumento do IOF e outros fatores que mexem diretamente com a carteira de investimentos, os especialistas ouvidos pelo mercado apontam que há espaço para proteção dos ativos.
“Os investidores podem buscar proteção por meio da diversificação em ativos menos expostos à tributação direta. Criptomoedas, por exemplo, são frequentemente vistas como uma alternativa descentralizada, com a narrativa de proteção contra intervenção estatal e inflação monetária”, comentou Oliveira.
Além dos ativos digitais, uma boa opção pode ser o investimento em papéis isentos de IOF e IR (Imposto de Renda), como CRIs e CRAs (Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio), e LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio). “Esses papéis, além da isenção, costumam ter lastros sólidos e podem oferecer uma relação risco-retorno atrativa em cenários de alta tributação sobre o crédito tradicional”, acrescentou Oliveira.
Já segundo o gestor da Hike Capital, é interessante evitar títulos de renda fixa e ações de empresas que não possuem receita resiliente, fazem uso intensivo de importações e estão expostas às oscilações cambiais. “Essas empresas dependem do uso de derivativos para se protegerem”, comentou.
O post Alterações no IOF miraram no fiscal e acertaram as varejistas apareceu primeiro em BPMoney.