Produtores de conteúdo acusam IA do Google de “roubo”

Produtores de conteúdo acusam o Google de uso indevido de material jornalístico no novo modo de IA da empresa, o que reacende o debate sobre direitos autorais e inteligência artificial. As críticas partem principalmente da News/Media Alliance, que representa grandes editoras dos Estados Unidos.

A polêmica teve início após o anúncio do “AI Mode”, apresentado durante o evento Google I/O 2025. O recurso passa a exibir respostas geradas por inteligência artificial diretamente no topo da busca, muitas vezes substituindo os links para sites de notícias e blogs especializados.

Segundo a News/Media Alliance (NMA), organização que reúne veículos como The New York Times e The Wall Street Journal, o Google está “tomando conteúdo à força e usando-o sem retorno, a definição de roubo”. A afirmação foi feita por Danielle Coffey, CEO da NMA, em nota oficial.

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Recurso preocupa editores

Para os produtores de conteúdo, a principal preocupação é que o modo IA do Google utilize informações e trechos de reportagens para compor as respostas automáticas sem direcionar tráfego para os sites originais. Isso ameaça o modelo de negócios baseado em audiência e publicidade.

“Estamos pedindo ao Departamento de Justiça que impeça mais uma forma de dominação do Google sobre a internet”, declarou Coffey. A NMA já havia lançado uma campanha em abril com o nome “Stop AI Theft”, alertando sobre práticas semelhantes por parte de empresas como Google e OpenAI.

Documentos internos agravam debate

O debate se intensificou após documentos internos do Google, revelados em um julgamento antitruste nos EUA, mostrarem que a empresa optou por não pedir permissão prévia aos produtores de conteúdo para incluir seus materiais no novo modo de IA.

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Em vez disso, os editores deveriam remover completamente seus sites da Busca do Google para evitar o uso dos textos, uma medida considerada extrema e insustentável por veículos de imprensa.

Liz Reid, chefe de Busca do Google, afirmou que permitir que sites escolham se querem ou não aparecer nos resumos por IA adicionaria “complexidade excessiva” ao sistema. A decisão de seguir adiante sem consentimento expresso causou ainda mais revolta entre os publishers.

Tráfego em risco

O novo modo de IA exibe resumos completos com base em fontes diversas, o que reduz a necessidade de o usuário clicar nos links originais. Para os produtores de conteúdo, isso significa menos acessos, menos receita e, consequentemente, menor capacidade de produzir jornalismo de qualidade.

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A NMA destaca que os resumos de IA são baseados em materiais produzidos por jornalistas, mas sem remuneração ou reconhecimento adequado. “Essa é uma apropriação indevida disfarçada de inovação”, reforçou a organização.

Pressão por regulação

A tensão entre empresas de tecnologia e produtores de conteúdo não é nova, mas a ascensão da inteligência artificial tem ampliado o conflito. Editoras ao redor do mundo cobram transparência, consentimento e remuneração justa pelo uso de seus conteúdos em sistemas de IA.

A NMA tem pressionado legisladores norte-americanos a regulamentar o uso de dados jornalísticos por modelos generativos. A entidade também exige que as plataformas ofereçam mecanismos claros de exclusão e acordos de compensação financeira.

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Google se defende

Apesar da reação negativa, o Google afirma que o modo IA busca aprimorar a experiência do usuário com respostas rápidas e contextuais. A empresa também argumenta que os resumos gerados incluem links para as fontes, embora isso não garanta necessariamente cliques.

Até o momento, o Google não anunciou nenhuma alteração nas diretrizes de uso de conteúdo para o AI Mode, mesmo após as críticas da NMA e de outros grupos ligados à mídia.

Um embate que só começou

A controvérsia em torno do modo IA do Google evidencia os desafios do jornalismo na era da inteligência artificial. O conflito entre inovação tecnológica e proteção aos produtores de conteúdo promete se intensificar, com consequências tanto para a indústria de mídia quanto para os próprios usuários da internet.

Enquanto a IA avança, cresce a necessidade de um modelo mais equilibrado, que respeite os direitos de quem cria informação e ofereça transparência no uso de dados.

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Fonte: newsmediaalliance

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