
Em uma grande reportagem, a Bloomberg dissecou os bastidores do grande atraso da Apple no que se refere aos recursos de inteligência artificial (IA) de seus sistemas operacionais — escancarado recentemente com o adiamento do lançamento da Siri repaginada —, bem como apontou perspectivas para o futuro.
Segundo a matéria, diversos fatores contribuíram para o estado atual da empresa no ramo — começando pelo ceticismo do chefe de software da companhia, Craig Federighi, em relação a IA, passando pela resistência do diretor financeiro da empresa, Luca Maestri, em liberar dinheiro para a compra de GPUs 1.
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A falta de garra de John Giannandrea, responsável pelo setor de IA da Apple (e antes também pela Siri) também contribuiu para o problema, aliado aos anúncios antecipados de recursos ainda em fase de protótipo promovidos pela equipe de marketing e às políticas de privacidade restritas da empresa.
Um problemão
No caso específico da Siri, o grande problema é a dificuldade para unir o código legado da assistente (responsável por coisas básicas como definir alarmes, lembretes, etc.) ao novo código (baseado em pedidos pessoais). Individualmente os recursos parecem bons, mas ao serem mesclados a coisa começa a desmoronar.
Segundo a reportagem, funcionários afirmam que a empresa conta com escritórios de IA em Zurique (Suíça) os quais estão criando uma nova arquitetura de software para substituir essa Siri “híbrida”, a qual será construída inteiramente sob um mecanismo baseado em LLM 2 para torná-la mais crível eficiente em síntese.
A empresa tem milhares de analistas em escritórios do Texas à Espanha e à Irlanda revisando os resumos da Apple Intelligence quanto à precisão, comparando sua produção com o material de origem para determinar com que frequência o sistema está produzindo as respostas distorcidas conhecidas como alucinações de IA.
Na questão da privacidade, a empresa também deu uma afrouxada em suas diretrizes, atualizando os iPhones para que eles possam ajudar a melhorar os dados sintéticos usados pela Apple para IA — mesmo que eles ainda não forneçam informações reais sobre os usuários aos modelos de linguagem da empresa.
Também fala-se em transformar a Siri em uma espécie de chatbot concorrente do ChatGPT (atualmente integrado a ela). Ela seria capaz de acessar a web para capturar e sintetizar dados de várias fontes e estaria em testes internos atualmente — inclusive com avanços significativos nos últimos meses.
Mudanças de rota
Enquanto esse trabalho é feito, a Apple parece tentar minimizar o impacto que esse problema com a Siri tem em seu negócio de IA. Inclusive, a empresa estaria planejando separar a marca da Apple Intelligence em suas peças de marketing — uma espécie de admissão de que a assistente vai mal das pernas.
Além disso, a empresa não pretende falar muito sobre a Siri durante a WWDC25, que acontecerá no início do mês que vem — nem mesmo sobre os recursos já anunciados no ano passado. Segundo a matéria, a Maçã também deixará de anunciar recursos que estão mais do que alguns meses próximos do lançamento.
Quanto a John Giannandrea, ele estaria aliviado em não ser mais o responsável pela Siri e pretende ficar na Apple até que o negócio de IA da empresa esteja consolidado. Após limitar suas funções, a Apple não planeja dispensá-lo — muito por medo de que as pessoas que ele levou consigo também partam.