
O Brasil está assumindo um papel de protagonismo surpreendente no mercado de luxo automotivo: por aqui, a Porsche cresce em um ritmo mais acelerado do que em qualquer outro lugar do mundo. Em um mercado global cada vez mais desafiador, o país se tornou um verdadeiro oásis de vendas para a marca alemã.
Dados divulgados na Newsletter oficial da Porsche Brasi revelaram que, enquanto as vendas globais da Porsche praticamente estagnaram — com queda leve de 3% em 2023 e um total de 310.718 veículos entregues —, o Brasil nadou contra a corrente.
No mesmo período, as vendas da marca por aqui cresceram 60%, e a expansão não parou por aí: em 2024, já acumulam um crescimento adicional de 20%.
Em 2024, o Porsche Cayenne assumiu a liderança entre os modelos da marca no Brasil, com 1.618 unidades comercializadas. O SUV de luxo foi o preferido dos brasileiros, à frente do lendário 911, que registrou 1.474 emplacamentos, e do mais compacto Macan, que alcançou 1.362 unidades vendidas.
Brasil: mais Porsches do que Mercedes
O fenômeno brasileiro é tão peculiar que virou uma anomalia positiva no mapa da Porsche. Em nenhuma outra parte do mundo a marca supera a Mercedes-Benz em volume de vendas.
Nem mesmo em Mônaco, onde o PIB per capita é o maior do planeta, isso acontece. Mas no Brasil, sim. Por aqui, a Porsche vende mais do que marcas tradicionais como Mercedes, Land Rover, Kia e Suzuki.
Em 2024, a Porsche alcançou a 19ª posição entre as montadoras que mais emplacaram veículos no país, segundo dados da Fenabrave — ficando à frente de Mercedes e Audi, e logo atrás da Ford.
O ‘efeito Belíndia‘ e o luxo acessível
Economistas há décadas descrevem o Brasil como uma mistura de Bélgica com Índia — termo consagrado por Edmar Bacha nos anos 1970. E é justamente na “Bélgica brasileira”, nas ilhas de alta renda e consumo, que a Porsche encontrou terreno fértil.
Uma das razões pode estar na relação preço-valor percebido. No Brasil, alguns modelos da Porsche são mais baratos do que os concorrentes diretos — o oposto do que acontece na Europa.
O Porsche 718 Cayman, por exemplo, parte de R$ 535 mil no Brasil, enquanto o BMW M2 Coupé, que compete na mesma categoria, sai por R$ 621 mil. Já na Alemanha, o modelo da BMW é mais barato.
O mesmo se repete nos modelos mais caros. O Porsche 911 Carrera 4 GTS, que custa R$ 1,1 milhão no Brasil, é significativamente mais acessível que o Mercedes AMG GT, que parte de R$ 1,65 milhão — uma diferença suficiente para comprar três Jeeps Compass.
Crescimento global e eletrificação
Mesmo com os desafios enfrentados em algumas regiões, como a China (queda de 28%), a Porsche ainda mantém crescimento global em quatro das cinco áreas em que opera.
Em 2024, a marca também deu passos importantes rumo à eletrificação com o lançamento do novo Macan totalmente elétrico, que já teve mais de 18 mil unidades entregues em poucos meses.
Modelos eletrificados representaram 27% das vendas globais da marca em 2023 — quase metade totalmente elétricos. A expectativa é que o mercado brasileiro também acompanhe essa tendência nos próximos anos, embora o país ainda esteja nos estágios iniciais da transição energética no setor automotivo.
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