O que se sabe e o que falta esclarecer sobre morte de professora em SP

A veterinária Fernanda Fazio, ex-esposa da professora de Matemática Fernanda Bonin, encontrada morta no dia 28 de abril, em um terreno baldio na Vila da Paz, zona sul de São Paulo, perto do Autódromo de Interlagos, foi presa nesta sexta-feira, 9, sob a suspeita de ter sido a mandante do crime.

A reportagem procurou a defesa da veterinária e aguarda retorno. Para a polícia, ela não confessou o crime. Preferiu ficar em silêncio e só falar em juízo, conforme o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian.

De acordo com as investigações, no dia 27 de abril, Bonin foi atraída pela ex-companheira até a Avenida Jaguaré, na zona oeste. Ao chegar no local, ela foi abordada por criminosos, executada e desovada em um terreno ermo da região.

Seus pertences, carro (um Hyundai Tucson) e celular, foram abandonados e localizados dias depois do crime, em uma rua também próxima do autódromo.

O caso foi registrado inicialmente como latrocínio, mas alterado para feminicídio. As investigações foram conduzidas pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do Estado.

Ao todo, cinco pessoas são apontadas de participação na morte de Fernanda Bonin. Além de Fernanda Fazio, um homem, identificado como João Paulo Bourquin, foi preso. Ele aparece em câmeras de monitoramento saindo do carro da professora após o crime. A reportagem não conseguiu encontrar a defesa dele.

Outros dois homens, Ivo Rezende dos Santos e Rosemberg Joaquim de Santana também são apontados como suspeitos de terem participação direta na execução da professora (veja os detalhes abaixo) e possuem mandados de prisão preventiva em aberto. A defesa dos citados também não foi localizada.

Uma mulher, cuja identidade não foi revelada, também pode estar ligada ao crime. Assim como João Paulo, ela foi vista por câmeras de monitoramento saindo do carro que era de Bonin, e que foi abandonado (veja o vídeo) A polícia informou que vai pedir pela prisão da suspeita. Como o nome dela não foi revelado, a reportagem não pôde localizar a sua defesa.

Suspeitos abandonam carro da professora morta em SP

Fernanda Bonin só foi encontrada no dia seguinte, segunda-feira, da 28. O corpo estava com sinais de estrangulamento e um cadarço enrolado no pescoço. Para atrair a ex-companheira, Fazio disse que o seu carro teria tido um problema na caixa de câmbio e que precisava de ajuda.

A professora foi até o local, mas, de acordo com as investigações, acabou sendo executada por outras pessoas a mando da veterinária. A polícia ainda não sabe, exatamente, quem praticou o crime, mas há indícios de que os três homens participaram da execução e estiveram no local da ocorrência.

No momento em que professora foi abordada pelos criminosos, Fernanda Fazio se deslocou até a casa de Bonin para levar os dois filhos das duas. Elas estavam separadas há cerca de um ano e as crianças ficavam na casa da vítima.

Em depoimento à polícia, na semana passada, Fazio disse que o carro teria voltado a funcionar e que foi até o apartamento da ex-esposa para levar as crianças. Para os investigadores, ela disse que só acionou a polícia no dia seguinte depois que a escola onde Bonin dava aula ter informado que a profissional não tinha aparecido.

O que se sabe e o que falta saber sobre o caso

Qual foi a motivação?

A Polícia ainda investiga o motivo do crime. A principal suspeita é de que Fernanda Fazio estaria com ciúmes de Bonin e que não aceitava o término da relação. Elas ficaram juntas por oito anos e se separaram há cerca de um. Nesse período, o casal teve dois filhos usando técnicas de reprodução assistida.

Os investigadores também citaram que apuram a possibilidade do crime ter sido cometido pelo interesse da veterinária no seguro de vida da professora, de cerca de R$ 500 mil.

Além disso, conforme familiares da vítima, a professora tinha recebido recentemente um convite para trabalhar fora do País, na Alemanha, e essa possível separação – inclusive dos filhos, porque Bonin tinha a guarda – pode ter motivado o feminicídio.

“A gente não tem uma resposta. No momento da prisão, (Fernanda Fazio) resolveu se calar e falar em juízo”, disse Artur Dian, delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo.

Quem foram o executores?

A polícia também investiga quem executou Fernanda Bonin. Conforme Artur Dian, as investigações apontam que Rosemberg e Ivo estariam na cena do crime. “Rosemberg e Ivo com certeza participaram do crime”, disse Dian.

Já João Paulo, ao ser detido, disse em depoimento que a morte da professora foi planejada e que a sua função era “desaparecer” com o carro da vítima, conforme a delegada Ivalda Aleixo, diretora do DHPP. Por esse motivo foi flagrado por câmeras de monitoramento saindo do veículo.

Para a polícia, ele não esteve no local do crime. Na hora em que Bonin foi assassinada, o homem afirma que teria saído com uma amiga “para comer um lanche”. Essa amiga seria a quinta suspeita de envolvimento com o caso. Ela também aparece nas imagens saindo do Tucson da Fernanda Bonin.

Conforme as investigações, a veterinária não participou da execução. Neste momento, ela estava indo para o apartamento da Fernanda Bonin para deixar as crianças.

Quem são os envolvidos no crime?

A Polícia diz também que apura os detalhes de como se deu o envolvimento de cada suspeito no caso. Os investigadores afirmam que Fernanda Fazio tinha uma relação próxima com Rosemberg. “Ele era uma espécie de faz tudo” da suspeita, informou o delegado Fernando Moyses Elian.

Foi Rosemberg, de acordo com as investigações, quem planejou o crime e acionou os demais suspeitos. Não se sabe ainda como Fernanda teria abordado o homem e o convencido a praticar o crime. Conforme a polícia, todos os homens envolvidos já tinham passagem pela polícia.

– Fernanda Fazio: mandante do crime; teve a prisão prisão preventiva decretada a pedido do MP);

– João Paulo Bourquim (preso de forma temporária) – ele diz que não executou e que só teve o trabalho de se livrar do carro, mas a polícia acredita que tenha participado também do assassinato;

– Rosemberg Joaquim de Santana e Ivo Rezende dos Santos – suspeitos de serem executores, possuem pedido de prisão preventiva em aberto. Estão sendo procurados;

– Uma mulher, que não teve a identidade informada, também pode estar envolvida. É a mulher que aparece nas imagens saindo do carro de Bonin.

Como o crime ocorreu?

Fernanda Bonin, de 42 anos, era professora de matemática em uma escola particular e tinha se separado da veterinária Fernanda Fazio, com quem convivera durante oito anos.

Nesse período, o casal teve dois filhos usando técnicas de reprodução assistida. Há cerca de um ano, as duas se separaram. Porém, segundo a veterinária, elas faziam terapia de casal na tentativa de se reconciliarem.

Na noite de 26 de abril, segundo depoimento dado à polícia, Fernanda Fazio ligou para a professora pedindo ajuda, pois seu carro havia parado, com pane mecânica, na Avenida Jaguaré, na zona oeste. Ela levava as crianças para a casa da ex, quando teve o problema no carro. Em seguida, ela passou sua localização para a ex-companheira.

Câmeras de segurança mostram Fernanda descendo sozinha pelo elevador e deixando o prédio ao volante de seu veículo, uma SUV Tucson prata. Ao chegar na Avenida Sumaré, onde supostamente estaria a veterinária, a professora foi surpreendida pelos criminosos.

A Polícia não sabe em que local e hora exatamente ela foi executada. “Isso será confirmado após o laudo cadavérico”, informou o delegado Elian.

O corpo da professora foi encontrado com sinais de estrangulamento em um terreno baldio, na Avenida João Paulo da Silva, no bairro Vila da Paz, próximo ao Autódromo de Interlagos. Ela estava com a roupa que vestia ao sair de casa e sinais de estrangulamento, como um cadarço enrolado no pescoço.

Em seus depoimentos, Fernanda Fazio contou que, meia hora depois, seu carro voltou a funcionar e, como não conseguiu novo contato com a ex-mulher, foi até o apartamento dela.

A portaria informou que Fernanda Bonin não estava em casa. Algumas contradições nos depoimentos da veterinária a colocaram inicialmente como averiguada no caso. Após a prisão de João Paulo, ela passou a ser tratada como suspeita e foi presa nesta sexta-feira./COLABORARAM JOSÉ MARIA TOMAZELA E GONÇALO JUNIOR

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