Conclave 2025: Quanto custa escolher um novo Papa?

Cardeais vestidos de vermelhos enfileirados um do lado do outro. Imagem que ilustra a matéria: Conclave 2025: Quanto custa escolher um novo Papa?
Foto: Vatican Media

Nesta quarta-feira (7), os olhos de todo o mundo se voltaram para a praça de São Pedro, em Roma, com a abertura oficial do conclave. Muitos especulam a respeito do próximo nome que comandará a igreja católica pelos próximos anos, mas aqui na BP Money, a pergunta que não sai do radar é: quanto custa eleger um novo Papa?

A resposta envolve cifras milionárias, déficit histórico, acordos internacionais e até lucros inesperados para o governo italiano.

Isso porque, o Vaticano, apesar de sua mística e simbolismo religioso, enfrenta uma dura realidade financeira: déficits recorrentes, gastos operacionais elevados e queda nas doações. E organizar o conclave, com toda sua pompa e protocolo, exige uma operação de Estado — ou melhor, de dois Estados: a Santa Sé e a Itália.

Gastos do Vaticano em tempos de crise financeira

Entre 2005 e 2013, dois conclaves já mostraram o peso financeiro que a escolha de um novo pontífice pode ter.

Em 2005, após a morte de João Paulo II, a Santa Sé registrou um impacto de 7 milhões de euros, valor que desequilibrou ainda mais suas contas frágeis.

Já em 2013, o Vaticano se recusou a divulgar o custo total do conclave que elegeu Francisco, mas admitiu um déficit anual de 24 milhões de euros.

Agora, em 2025, com um novo processo em curso, os gastos voltam a subir. O responsável interino pela administração da Igreja, o cardeal camerlengo Kevin Farrell, lidera a logística que envolve transporte, hospedagem, alimentação e segurança de cardeais vindos de todos os continentes, além da preparação da Capela Sistina para o sigiloso ritual da eleição papal.

Segurança e transporte: responsabilidade italiana desde 1929

Desde os Acordos de Latrão, firmados em 1929, o Estado italiano assumiu parte dos custos ligados à segurança do Vaticano.

Mesmo sendo um Estado soberano, o Vaticano depende da estrutura italiana para conter multidões, organizar o transporte público e proteger as autoridades internacionais presentes.

O atual governo da primeira-ministra Giorgia Meloni, de viés ultraconservador, já liberou um decreto emergencial após a morte do Papa Francisco, no dia 21 de abril.

Foram destinados inicialmente 5 milhões de euros para mobilizar a Proteção Civil e reforçar a segurança em Roma e na Praça de São Pedro. Em 2005, esse aparato mobilizou mais de 11.900 agentes de segurança, além de mil bombeiros e cinco mil funcionários públicos.

Lucro turístico: como Roma transforma fé em renda

Apesar dos altos custos logísticos, o conclave também é um evento de retorno financeiro — pelo menos para a cidade de Roma.

De acordo com a associação de defesa do consumidor Codacons, os preços de hospedagem na capital italiana dispararam: entre 200 e 2 mil euros por noite em hotéis próximos ao Vaticano, superando em muito a média habitual.

Essa explosão nos preços não afeta apenas turistas. Hotéis, restaurantes, transportadoras, guias turísticos e lojistas aproveitam a movimentação para impulsionar seus ganhos.

Com milhares de peregrinos e delegações oficiais na cidade, Roma se torna por alguns dias o centro do mundo católico — e um excelente negócio.

Déficit do Vaticano: uma conta que não fecha

Mesmo com receitas que superaram 769 milhões de euros em 2022, a Cúria Romana registrou um déficit de 30 milhões no mesmo ano.

E as previsões não são otimistas. Além disso, as despesas com pessoal aumentam, as doações dos fiéis caem, e muitos investimentos financeiros realizados pela Santa Sé têm trazido retornos incertos.

Dessa forma, para equilibrar as contas, o Papa Francisco instituiu, em 2014, a Secretaria para a Economia, responsável por tentar reverter esse cenário.

Em suma, uma das medidas foi a venda de parte do patrimônio do Vaticano. A meta era de arrecadar entre 20 a 25 milhões de euros por ano. Entretanto, escândalos de peculato, como o caso envolvendo o cardeal Angelo Becciu, têm prejudicado a credibilidade da instituição e limitado o alcance das reformas.

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