Segundo o Country Manager da BlackRock Brasil, Bruno Barino, as incertezas geradas pela política comercial dos Estados Unidos devem causar uma rotação nos países em termos de alocação de capital. Nesse contexto, outras nações devem receber o fluxo de capital que sai de ativos americanos em meio ao tarifaço de Donald Trump.
+Trump anuncia tarifas de 100% sobre filmes produzidos no exterior
Barino comenta que o cenário de turbulência nos EUA criou grandes oportunidades para a Europa e o Japão, por exemplo, e o Brasil também deve se posicionar a fim de atrair capital estrangeiro, dado o ‘fator Trump’.
“Um foco que temos que trabalhar agora, que temos que explorar, é como o Brasil se posiciona para capturar um pedaço desse fluxo de capital. Hoje em dia o nível de incerteza da economia americana, com as medidas que começaram a ser implementadas neste ano, é muito grande. A oportunidade que o Brasil tem agora é se posicionar para captar um pouco desse fluxo”, explica o executivo da BlackRock
Na visão de Bruno, o nível de incerteza que está sendo criado na economia americana agora ‘pode ser comparado, em alguma medida, com o nível de incerteza que foi criado na economia do Reino Unido quando ocorreu o Brexit’.
“Isso está levando a um nível de realocação de recursos globais”, explica.
Copom menos restritivo ainda depende do fiscal, diz country manager da BlackRock
A visão da BlackRock e que a próxima reunião do Copom, que decidirá a nova Selic nesta quarta-feira, 7, deve realizar uma alta de 0,50 ponto percentual (p.p.). Nesse contexto, a taxa de juros iria para 14,75%.
“Acho que para termos as condições macro para redução [de juros] temos que ter uma sinalização mais forte do lado fiscal, que é o principal foco de sustentabilidade”, comenta Bruno Barino.
Sobre esse tema, comenta que o Brasil teve um ‘certo avanço’ com o arcabouço fiscal, mas na contramão mostrou ‘uma série de iniciativas e de ações que levaram um nível de incerteza grande’ do lado fiscal, pondo em xeque a sustentabilidade da dívida pública.
“Olhando para os dois primeiros anos de governo, a preocupação que temos agora é o nível de gasto público que teremos nos próximos dois anos, até o fim desse governo e o quão sustentável é o crescimento da economia brasileira.”
O executivo da BlackRock frisa que se tratam dos dois anos finais do mandato – em que naturalmente os governos gastam mais, pela proximidade com as eleições presidenciais e o foco na reeleição, motivando decisões mais populistas e menos responsáveis sob o ponto de vista fiscal.
O post Fator Trump realoca recursos e cria oportunidade para o país, diz CEO da BlackRock Brasil apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.