Muitos serão os chamados

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Na passagem bíblica sobre o Festim das Núpcias, narrada no Evangelho de Mateus, Jesus nos fala sobre um homem poderoso que convidou inúmeras pessoas para um casamento, alguns poucos se apresentaram devidamente trajados. O nobre acolheu todos que o respeitaram e atirou em desgraça os demais. O Mestre de Nazaré adensa toda a narrativa em uma frase: “Muitos serão chamados, poucos os escolhidos”.

Allan Kardec, no Evangelho Segundo o Espiritismo, lança aos nossos olhos uma profunda reflexão sobre essa parábola e a universalidade da mensagem de Jesus. Universalidade quer dizer para todos os seres, mostrando que a verdade divina constante em suas lições é como uma bússola, apontando o caminho necessário e exato para a evolução espiritual da humanidade, não é um determinismo ou uma predestinação. O aprendizado e a aplicação do conhecimento ministrado são de responsabilidade individual possível “a todo aquele que tem olhos de ver e ouvidos de ouvir”, ou seja, que em seu nível de conhecimento, capacidade de raciocínio, esteja interessado e atento às palavras do Cristo.

Ao contrário do que vulgarmente se pensa, o chamado “escolhido” não é um privilegiado divino, muito menos um povo agraciado com amor divino especial ou os devotos de uma fé específica aureolados por um poder superior. Basta o estudo dedicado e racional nos Evangelhos, que entenderemos que não há privilégios nas leis de Deus. Mais ainda, observando as primeiras palavras da oração ensinada por Jesus, constataremos a universalidade humana: “Pai Nosso que estais nos céus”; “Pai Nosso” é Deus, “A inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”, como ensina Allan Kardec.

Escolhido é todo aquele que conscientemente se esforça para cumprir as leis do Pai, ensinadas por Jesus, como atesta a frase anotada por Lucas: “Muito será pedido a quem muito recebeu”. Aqui novamente vê-se a ausência de privilégios divinos, pois quanto mais há de se ter recebido ou aprendido, maior é a responsabilidade universal de se doar, porque a responsabilidade acompanha a oportunidade e esta resulta da lei de Causa e Efeito. Quanto mais se conquista de conhecimento, mais se é chamado a ensinar e exemplificar. Quanto mais se absorve dos ensinos divinos, muito mais se é necessário agir com ética, benemerência e solidariedade para a harmonia progressiva de onde vivamos. Caso contrário ou fugindo a essas lições, de alguma forma contribuiremos com o mal, que em toda circunstância é desarmonia frente à Lei, e todo desequilíbrio leva à dificuldade e ao sofrimento.

Façamos o bem que pudermos, espalhemos o carinho e a fraternidade onde estivermos, pacientemente, nos capacitando espiritualmente para o Festim das Núpcias e estejamos habilitados a sermos os escolhidos, para que seja feita a vontade do Pai na Terra, assim como é feita no Céu.

 

 

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