Homem trabalhou por anos como assessor de deputado do partido alemão de ultradireita. Preso em 2024, ele é suspeito de repassar informações sobre o Parlamento Europeu e lideranças da sigla para os chineses.O Ministério Público Federal da Alemanha apresentou, nesta terça-feira (29/04), acusações formais de espionagem contra um ex-assessor do deputado federal Maximilian Krah, do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), e uma cidadã chinesa.
O ex-assessor e a chinesa foram presos em 2024 e são acusados de atuar para serviços de inteligência da China. Eles têm permanecido detidos desde então.
O ex-assessor Jian G., cidadão alemão, cujo sobrenome é mantido em sigilo devido às leis de privacidade do país, é acusado de repassar informações confidenciais sobre negociações e decisões dentro do Parlamento Europeu.
Preso em abril do ano passado, ele é suspeito de ter acessado ilegalmente mais de 500 documentos classificados como “particularmente sensíveis” pelo Parlamento Europeu, do qual Maximilian Krah foi membro entre 2019 e março de 2025.
O ex-assessor de Krah também é suspeito de ter coletado informações sobre figuras importantes da própria AfD, incluindo os colíderes do partido Alice Weidel e Tino Chrupalla.
Segundo a revista alemã Spiegel, Jian G. repassou avaliações sobre os papéis, status e posições dos líderes obtidas em conversas confidenciais com Krah. O escritório do político em Bruxelas foi revistado nesta terça-feira, apenas como uma “medida testemunhal”, já que Krah não é acusado de espionagem.
Em 2024, a prisão de G. provocou embaraço para a AfD e especialmente para Krah, que era o principal candidato da AfD para o Parlamento Europeu. Pouco depois, Krah sofreu um novo abalo em sua imagem quando foi acusado de minimizar crimes da organização nazista Waffen-SS em uma entrevista. Mesmo assim, ele acabou sendo reeleito como eurodeputado. Posteriormente, Krah deixou a cadeira de eurodeputado para assumir mandato de deputado no Bundestag, o parlamento alemão.
Cidadã chinesa acusada de espionar logística militar alemã
Já a cidadã chinesa denunciada no âmbito do mesmo caso, foi presa alguns meses depois de G. Ela foi funcionária de uma empresa de logística no aeroporto de Leipzig/Halle. Presa desde outubro, ela é suspeita de ter repassado informações sobre voos, cargas e passageiros do aeroporto ao ex-assessor de Krah.
As informações supostamente vieram de pessoas ligadas a um fabricante de armas alemão, que não foi identificado, e ao transporte de material bélico. A mulher também é suspeita de atuar como agente dos serviços de inteligência chineses.
Krah espera por “clareza”
Uma porta-voz de Alice Weidel, líder da AfD, afirmou que o partido não possui informações além da “declarações vagas da promotoria estadual”. Tino Chrupalla, colega de partido, ainda não se manifestou.
Já Maximilian Krah declarou que espera que um eventual julgamento traga “clareza” sobre o caso.
“Gostaria de saber se fui enganado e se essas acusações são confiáveis”, disse ele à agência alemã dpa.
“A única coisa de que me acusaria, no contexto do meu ex-colega de origem chinesa, é de não ter prestado mais atenção”, acrescentou nas redes sociais.
Os três outros detidos, dois homens e uma mulher, são suspeitos de usar projetos de pesquisa como fachada para obter informações sobre tecnologia militar e repassá-las à inteligência chinesa.
Pequim nega as acusações, afirma que não opera espiões na Alemanha e classificou os relatos como “calúnia”.
gq (DW, dpa, afp)
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