

Aos 23 anos, a tenista juiz-forana Giulia Aguiar vive uma das melhores fases da carreira. Radicada em Portugal e com pontos no ranking da Women’s Tennis Association (WTA), ela se prepara para voltar aos torneios internacionais entre maio e junho, determinada a entrar no top 100 do mundo na disputas de simples e de duplas. “Passei por momentos difíceis, mas tudo isso serviu como aprendizado. Hoje me sinto mais forte, mais preparada e ainda mais determinada a alcançar meus objetivos”, diz a atleta, em entrevista à Tribuna, realizada no Arena Tênis Clube, localizado no Bairro Aeroporto, Cidade Alta.
Para a tenista, a última temporada foi de amadurecimento técnico. Com consistência, ela disputou diversos torneios em Portugal e na Tunísia, conquistando títulos e fortalecendo seu nome no circuito. Uma das vitórias mais marcantes foi a do Campeonato Regional Absoluto do Porto, tanto em simples quanto em duplas mistas, ao lado do também tenista Guilherme Valdoleiros, o qual integra a mesma equipe de treinos.
“No dia das finais, joguei mais de seis horas. Foi muito intenso, mas saí de quadra com a sensação de missão cumprida. Foi um momento que simbolizou o quanto eu evoluí em todos os aspectos, físico, técnico, mental”, relembra.
Essa evolução é percebida também por quem a acompanha de perto. “Ela está num momento muito bom, recuperando o ritmo do ano passado e jogando cada vez melhor”, analisa Thiago Aguiar, irmão e treinador de Giulia. “Está mais madura, mais experiente, entendendo melhor o jogo, o que faz uma grande diferença no circuito profissional”.
Ida para Portugal e relação entre irmãos
A paixão de Giulia pelo tênis surgiu ainda na infância, em Juiz de Fora, quando tinha 11 anos. Em 2019, com 17, ainda como juvenil, conheceu Portugal — país que virou sua base. Em 2022, já como tenista profissional, ela voltou para ficar. “Portugal tem uma estrutura excelente para quem está no circuito. Os torneios são mais próximos uns dos outros, há uma densidade maior de jogadores, o que facilita muito para quem está buscando ritmo e evolução constante”, explica a juiz-forana, que representa o Clube da Maia, da cidade onde vive.

A parceria entre Giulia e Thiago vai além da quadra, já que são, acima de tudo, irmãos. Para ele, o segredo da relação está no equilíbrio entre os papéis de treinador e familiar. “É uma mistura de sentimentos. Não dá para separar completamente. Mas quando conseguimos ajudar a atleta como pessoa, o desempenho dentro de quadra também melhora.”
Dessa forma, Thiago entende que os resultados conquistados até agora são fruto de um trabalho conjunto que vai se fortalecendo com o tempo. “A cada torneio, parece que um puxa o outro. Ela me puxa como treinador, e eu tento dar sempre o melhor como técnico. Essa sinergia é essencial para o time crescer junto.”
Rotina intensa e olhos no futuro
Após um início de ano mais voltado para a recuperação física, Giulia retomou os treinos com intensidade em abril. Atualmente, ela treina de cinco a seis dias por semana, com cerca de dez sessões de quadra, além de preparação física, trabalhos preventivos e estudos técnicos e táticos. A carga horária dedicada ao esporte ultrapassa as sete horas diárias.
Mesmo com a rotina exigente na modalidade, ela iniciou a faculdade de jornalismo à distância em busca de se tornar comentarista ou repórter. “Gosto muito de acompanhar o circuito, de estudar os jogos, os estilos. E acho que, no futuro, poderia contribuir nesse espaço também.”
Referências e metas

Ao longo da trajetória, ela teve a oportunidade de conviver e treinar com grandes nomes do tênis brasileiro, como Laura Pigossi e Carolina Meligeni Alves que são, respectivamente, segunda e terceira brasileiras melhores posicionadas no ranking de simples da WTA atualmente. “Conheci a Carol numa clínica do tio dela em São Paulo. E a Laura, encontrei em Caldas da Rainha, em Portugal. Ela foi super receptiva, treinamos juntas e foi uma experiência incrível. Só aumentou minha admiração por ela.”
Ver outras brasileiras conquistando espaço e medalhas, como o bronze olímpico de Laura e Luiza Stefani, serve como motivação. “O tênis feminino do Brasil está crescendo, e é bom fazer parte desse movimento. Quero contribuir com essa nova geração que está vindo com tudo. Ainda sonho em disputar uma Olimpíada”, conta.
Para Giulia, representar Juiz de Fora no cenário internacional também tem um valor especial. “Carrego comigo um pedacinho da cidade em cada torneio que disputo. É uma forma de retribuir todo o apoio que recebi desde o começo. O tênis exige muito da gente, física e mentalmente. Mas é justamente esse comprometimento, essa dedicação, esse cuidado com o corpo e com a mente que me fazem levantar todo dia e buscar ser uma atleta melhor.”
- LEIA MAIS notícias sobre Esportes aqui
O post Tenista de Juiz de Fora vive auge da carreira em Portugal e mira o top 100 da WTA apareceu primeiro em Tribuna de Minas.