Crítica | O Contador 2 – Ben Affleck e Jon Bernthal em Perfeita Sintonia Caótica em Ótima Sequência de Ação

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Em tempos em que os filmes de ação parecem oferecer mais do mesmo, aquele que consegue se diferenciar de alguma forma acaba conquistando o público. Foi o caso do primeiro ‘O Contador’, que trazia no protagonismo um homem mediano, comum, com uma mante brilhante e que era usada em prol da matança. Aí foi questão de minutos até o público abraçar esse personagem imparável e, a contragosto, hilário, vivido por Ben Affleck. Tanto sucesso em 2016 impulsionou o interesse por uma sequência, que chega a partir de hoje nos cinemas brasileiros sob o título ‘O Contador 2’.

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Ray King ( J. K. Simmons, de ‘Whiplash’) marca um encontro com Anaïs (Daniella Pineda, de ‘Jurassic World: Domínio’) pois precisa de sua ajuda para encontrar uma mulher misteriosa que emigrara para os Estados Unidos anos antes com o marido e o filho e agora está desaparecida. Mas, durante o encontro algo dá muito errado e Marybeth Medina (Cynthia Addai-Robinson) é acionada e encontra um recado de Ray King: encontrar o Contador Christian Wolff (Ben Affleck, de ‘Garota Exemplar’). Mesmo sem entender exatamente o motivo, Marybeth encontra o Contador, mas, para resolver o mistério no qual está se envolvendo ela acaba topando que Braxton (Jon Bernthal, de ‘Operação Vingança’) entre no grupo, e, assim, tudo acaba fugindo de seu controle.

O Contador 2’ pode ser facilmente visto por aqueles que não viram o primeiro filme, pois ele começa e termina sua história nesta produção. Entretanto, torna-se muito melhor para o espectador caso ele ou ela tenha assistido à primeira parte, afinal, é ali que descobrimos o grande diferencial desta nova franquia e exatamente a característica onde reside o carisma do protagonista: Christian Wolff é autista.

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A partir deste ponto, tudo é festa e tudo é conscientização no roteiro de Bill Dubuque. As manias evidenciadas em close no primeiro filme estão presentes aqui, mas o humor dessa vez encontra-se mais nas situações absurdas e corriqueiras do dia a dia de um matador autista com uma mente brilhante. Dessa incoerência, temos situações hilárias como o entendimento literal de palavras por Chris em situações de perigo, o que fazem com que Braxton fique exasperado e, assim, o espectador ria. Errado Chris não está, mas né…

Uma das cenas mais bonitas (e é bonita mesmo, tanto na fotografia quanto no simbolismo da coisa) é (ALERTA DE SPOILER) a que Chris e Braxton estão num bar e Chris evidentemente não consegue interagir com uma moça na qual ele tem interesse. Frustrado, ele se sente mal, mas então começa tocar uma música country e o público começa a dançar naqueles passinhos típicos coreografados; Chris observa, estuda o padrão dos passos, pega o ritmo e vai dançar, dominando a coreografia em segundos. Para quem é ou convive com pessoas com o espectro autista, é uma cena linda, pois evidencia que apesar das dificuldades de interação social do meio convencional, indivíduos no espectro conseguem socializar de outras maneiras – mas é preciso entendê-las e incentivá-las.

Por essas e outras que o filme de Gavin O’Connor, que também foi responsável pelo primeiro longa, é simplesmente ótimo. ‘O Contador 2’ entrega pancadaria na medida certa, com bangue-bangue bem convincente, um clima de tensão crescente que conduz um thriller que te prende do início ao fim – e ainda encontra forma de falar de temas importantes, contemporâneos e inclusivos. Ainda bem que ‘O Contador’ virou franquia, pois tem tudo que os fãs de filmes de ação gosta e ainda consegue conquistar novos públicos.

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