Lucro dos planos de saúde chega a R$ 10 bi em 2024 e aponta recuperação do setor

O ano de 2024 consolidou um ciclo de resultados expressivos para o setor de planos de saúde. SulAmérica, Bradesco Saúde, Amil, Hapvida e outras operadoras reportaram lucros robustos, sustentados por reajustes de mensalidade, reestruturação de redes assistenciais e maior controle de despesas médicas.

De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as operadoras apresentaram lucro líquido consolidado de R$ 10,2 bilhões no ano passado — um crescimento de 429% sobre 2023.

Parte desse desempenho se deve à recomposição das mensalidades dos planos de saúde, à redução da sinistralidade em 85% e ao redesenho de redes assistenciais e de benefícios.

A SulAmérica reportou lucro de R$ 2,1 bilhões, enquanto a Bradesco Saúde, que integra o Grupo Bradesco Seguros, somou R$ 1,5 bilhão em resultados. A Amil, por sua vez, reverteu um prejuízo bilionário e encerrou o ano com lucro de R$ 619,8 milhões. Hapvida e NotreDame Intermédica, que atuam sob o mesmo grupo, totalizaram R$ 1,6 bilhão.

Os números positivos se combinam a estratégias de gestão contábil que vêm sendo analisadas com mais atenção por investidores, reguladores e especialistas do setor. O mercado passou a observar com atenção ajustes realizados por algumas das principais operadoras — especialmente a Hapvida. Em março, a empresa comunicou a reapresentação de seus balanços de 2016 a 2023, com base em novas interpretações das normas internacionais (IFRS 17). O ajuste resultou em um aumento de R$ 503 milhões no patrimônio líquido​.

A Hapvida também apresentou, em fato relevante ao mercado, os termos de uma possível adesão ao programa Desenrola, intermediada pela Advocacia-Geral da União (AGU), para liquidação parcial de valores relacionados a dívidas com o Sistema Único de Saúde (SUS) e multas da ANS. Caso efetivado, o acordo reduziria um passivo de R$ 2,9 bilhões para R$ 1,7 bilhão — incluindo um abatimento de R$ 866 milhões em valores devidos ao SUS​. Para efeito de comparação, o reembolso médio das seguradoras ao SUS entre 2019 e 2023 foi de R$ 910 milhões ao ano.

A antecipação contábil dos efeitos desse acordo — ainda não formalmente homologado — gerou reações. A ANS solicitou a republicação das demonstrações financeiras e a AGU informou que as condições seguem sob análise. Do ponto de vista da empresa, no entanto, os procedimentos operacionais pendentes não comprometem as bases jurídicas da negociação já apresentada.

Revisões contábeis como a da Hapvida são previstas em normas internacionais. Ainda assim, o volume e o impacto desses ajustes, em um setor altamente sensível e regulado, despertam o interesse de analistas sobre os efeitos de curto e longo prazo na precificação de ativos e na governança regulatória.

A discussão ocorre no momento de transição institucional na ANS, com a possível nomeação de Wadih Damous para a presidência do órgão. A definição da nova liderança pode indicar mudanças de postura em relação à supervisão de práticas contábeis, ressarcimento ao SUS e processos de negociação envolvendo operadoras.

Lucros das maiores operadoras de saúde

  • SulAmérica:  R$ 2,1 bilhões
  • Bradesco Saúde: R$ 1,5 bilhão
  • Hapvida/NotreDame: R$ 1,6 bilhaõ
  • Amil: R$620 milhões
  • Total do setor: R$ 10,2 bilhões

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