O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira, 22, que bancos centrais emergentes frequentemente precisam deixar os juros mais altos, de forma a aumentar os prêmios e atrair investimentos – e, desta forma, evitar uma desvalorização das suas divisas. É por causa deste processo, explicou o banqueiro central, que se tornou menos atrativo apostar contra o real no fim de 2024, dado o processo de elevação da Selic.
“Muitas vezes você vê autoridades monetárias de países emergentes, mesmo num momento de desaceleração econômica, tendo de manter a taxa de juros mais elevada para oferecer um prêmio maior para quem decidir investir no país e aí conter um processo de desvalorização da sua própria moeda”, disse Galípolo, em participação de uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.
Na sua apresentação, o banqueiro central destacou que, para países emergentes, movimentos do cenário internacional – como as decisões de política monetária dos Estados Unidos – têm impacto.
Na sequência, o presidente do BC afirmou que o carry trade da moeda brasileira, por exemplo, se tornou vantajoso em relação ao peso mexicano no fim de 2024, quando a autoridade monetária aumentou a Selic em 1 ponto porcentual e sinalizou mais duas altas da mesma magnitude, em janeiro e março.
“O processo que foi feito no final do ano, de elevação da taxa de juros, direcionou para que você pudesse ultrapassar o prêmio para quem estava apostando, por exemplo, em moeda mexicana e tornar menos atrativo apostar contra a moeda brasileira”, disse.
Galípolo destacou que o valor do real é importante para a inflação brasileira, chamando atenção para o fato de que 60% a 70% da produção de alimentos do País tem ao menos alguma correlação com o preço do dólar.
O presidente do BC ainda repetiu que a meta de inflação é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e que cabe à autoridade monetária definir os juros de forma a cumprir o alvo.
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