Boletim Focus: mercado vê alívio da inflação acima da meta

Foto: Agência brasil

O BC (Banco Central) divulgou uma nova edição do Boletim Focus, trazendo ajustes nas projeções dos principais indicadores econômicos do país. Entre os dados revisados, destaca-se a estimativa para o IPCA de 2025, que recuou de 5,65% para 5,57%, após três semanas consecutivas de estabilidade.

Apesar da leve redução, a expectativa de inflação continua acima do limite da meta oficial, fixado em 4,50%, mantendo uma diferença de 1,07 ponto percentual.

A atualização também incluiu previsões para outros indicadores, como a taxa básica de juros (Selic), refletindo as percepções do mercado sobre o cenário econômico dos próximos anos.

IPCA

A expectativa de inflação para 2026 permaneceu inalterada em 4,28%, enquanto a projeção para 2027 seguiu em 4,00%. Já a estimativa para 2028 teve uma leve redução, passando de 3,85% para 3,83%.

No que diz respeito aos preços administrados que compõem o IPCA, a previsão para 2025 teve uma queda, recuando de 4,94% para 4,78%. Para os anos seguintes, as projeções também se mantiveram estáveis ou sofreram apenas pequenas variações: 4,00% para 2027 e 3,80% para 2028, ligeiramente acima dos 3,79% previstos anteriormente.

Em relação ao IGP-M, índice amplamente utilizado em reajustes contratuais, a previsão para 2025 foi revista para baixo, passando de 5,07% para 4,92%. Para 2026, o mercado mantém a estimativa em 4,52%, enquanto os anos de 2027 e 2028 têm projeções consolidadas em 4,00%.

PIB

As estimativas para o crescimento do PIB em 2026 foram ajustadas para cima, passando de 1,61% para 1,70%, segundo a mediana das previsões coletadas pelo mercado. Já para 2027, os analistas mantiveram a expectativa de avanço econômico em 2,00%.

O mesmo percentual é projetado para 2028, com essa previsão permanecendo inalterada há 58 semanas consecutivas, sinalizando estabilidade nas expectativas de longo prazo.

Selic

O mercado financeiro segue sem alterar suas apostas para a Selic nos próximos anos, segundo a edição mais recente do Boletim Focus.

A projeção central para o encerramento de 2025 permanece fixada em 15,0% ao ano, pela 15ª semana consecutiva — o que indicaria um aumento de 0,75 ponto percentual em relação ao atual patamar de 14,25%. Isso sugere que os agentes econômicos ainda veem necessidade de aperto monetário nos próximos trimestres.

Caso essa previsão se confirme, a taxa básica de juros brasileira atingirá seu maior nível desde maio de 2006, durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula, quando o Copom reduziu a Selic de 15,25% para 14,75%, após uma escalada que havia levado os juros a impressionantes 19,75% em 2005, um dos picos do século.

As projeções para os anos seguintes também demonstram estabilidade. A taxa esperada para o fim de 2026 continua em 12,50%, mantendo-se nesse nível por 12 semanas seguidas. Mesmo considerando apenas os dados mais recentes — as 94 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis —, não houve variação.

Para 2027, o cenário é semelhante: a previsão permanece em 10,50%, repetindo-se pela décima semana consecutiva. E, olhando mais adiante, a expectativa para o fim de 2028 segue ancorada em 10,0%, sem alterações há 17 semanas.

O quadro, portanto, reforça uma percepção de que o ciclo de juros elevados deve se manter por mais tempo, com uma trajetória de queda apenas gradual nos próximos anos.

Dólar

Na atualização mais recente do Boletim Focus, as previsões para a taxa de câmbio em 2025 permaneceram estáveis, com o dólar mantido em R$ 5,90. Por outro lado, houve pequenas revisões nas estimativas para os anos seguintes.

A expectativa para 2026 foi levemente reduzida, passando de R$ 5,97 para R$ 5,96. Para 2027, o mercado manteve a cotação projetada em R$ 5,89, enquanto para 2028 houve uma discreta alta, com o dólar subindo de R$ 5,84 para R$ 5,85.

Essas oscilações indicam um cenário de relativa estabilidade cambial no horizonte de médio e longo prazos, segundo as expectativas do mercado.

Balança Comercial

As projeções para a balança comercial brasileira indicam que o país deverá manter um superávit robusto nos próximos anos.

Para 2025, os analistas mantêm a estimativa de saldo positivo em US$ 75 bilhões, refletindo estabilidade nas expectativas em relação ao desempenho das exportações e importações.

Para os anos seguintes, os números passaram por pequenos ajustes. A previsão de superávit para 2026 sofreu uma leve redução, passando de US$ 79,45 bilhões para US$ 79,30 bilhões, enquanto a projeção para 2027 foi revisada para cima, agora em US$ 79,90 bilhões, sinalizando uma expectativa ligeiramente mais otimista.

Já para 2028, os analistas mantêm a perspectiva de um saldo positivo em torno de US$ 80 bilhões, reforçando a visão de que o comércio exterior seguirá como um dos pilares da economia brasileira nesse horizonte.

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