
A transformação digital nunca foi tão presente nas estratégias das empresas — e nunca foi tão mal compreendida. Segundo o primeiro CIO Report de 2025, publicado pelo Gartner, 74% dos CEOs acreditam que as novas tecnologias terão o maior impacto em seus setores, um salto impressionante em relação aos 20% de 2022 e aos 54% de 2023. Isso mostra que o mercado entendeu o potencial. O problema é que muitos ainda acreditam que inovação nasce de planejamento robusto, cronogramas fechados e apresentações bem-feitas.
Na prática, não é assim que acontece. A tecnologia recompensa quem age rápido. Os ciclos são curtos, os aprendizados são diários e as apostas precisam ser testadas com o mínimo viável. É sobre colocar para rodar, ver o que acontece e ajustar em tempo real. O mercado não espera. E a inovação também não.
Isso faz parte do nosso dia a dia. Não seguimos um plano rígido, mas nos baseamos no uso, nos clientes, no produto e no mercado. Nossas decisões evoluem conforme identificamos novas necessidades, mudanças no comportamento dos usuários ou oportunidades inesperadas. O que nos orienta é a realidade do momento, não um planejamento fixo do início do trimestre.
É por isso que não acreditamos no plano perfeito. Planejamento sem contato com a realidade é ficção. O que funciona é testar pequeno, com agilidade, e escalar o que dá certo. A estratégia existe, claro. Mas ela é flexível. Ela precisa ser. Porque o mercado muda, os clientes evoluem, o produto amadurece — e tudo isso precisa estar conectado às decisões do time.
Muita gente ainda enxerga tecnologias como inteligência artificial como uma bala de prata. Mas toda tecnologia exige tempo de adaptação e ciclos de aprendizado. Não dá para esperar retorno imediato em algo que ainda está sendo digerido pela operação. Os verdadeiros ganhos aparecem quando o time entende a dor, testa hipóteses, coleta feedback e adapta. A transformação acontece na rotina — e não no keynote.
A vantagem competitiva não está em ter todas as respostas antes de agir. Está em agir mesmo sem ter todas as respostas. É isso que permite adaptação, consistência e crescimento. E isso só acontece quando existe cultura de execução, tolerância ao erro e foco absoluto em aprender com o real. No fim das contas, a revolução digital é menos sobre tecnologia e mais sobre comportamento. É sobre aprender, ajustar e repetir. Com velocidade, consistência e muita escuta ativa.
Fernando Nery é CEO e fundador da Portão 3 (P3), uma plataforma de gestão de pagamentos utilizada por mais de 3.000 empresas da América Latina.
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