
Quando vemos o nome George R. R. Martin imediatamente pensamos que será uma história de sucesso, afinal, o escritor estadunidense foi o maior nome literário da última década e é responsável por uma das séries mais bem queridas pelo público das últimas décadas: Game of Thrones. E queridas pelo público espectador e também pelos leitores (que ainda aguardam o final da saga). Por isso, quando vemos uma nova adaptação baseada em seus escritos, as chances de nos entreter são bem altas – e é o que vemos em ‘Nas Terras Perdidas’, mais novo filme de fantasia e ficção científica que chega aos cinemas brasileiros a partir dessa semana.
Gray Alys (Milla Jovovich) é uma poderosa bruxa perseguida pela igreja, encabeçada por Ash (Araceli Jover) e o Patriarca (Fraser James). Mas ela também é muito procurada, por suas habilidades de conseguir realizar os desejos das pessoas. É assim que a princesa (Amara Okereke) vai até ela com um pedido: quer se transformar em uma shape shifter, uma pessoa que se metamorfoseia em um animal, ao mesmo tempo em que Jerais (Simon Lööf) pede à bruxa que falhe em atender o pedido da princesa. Para atender a ambos, Gray Alys contrata os serviços do caçador Boyce (Dave Bautista) para ajudá-la a percorrer as Terras Perdidas em busca da toca de um lobisomem.
O filme começa com um close de Dave Bautista anunciando que vai contar uma história, e que não tem final feliz. Apesar disso, a narrativa não é centrada no personagem Boyce, e sim em Gray Alys, uma bruxa mercenária que não recusa trabalho. E logo no início somos presenteados por duas cenas de belíssima fotografia, que nos alerta para o ótimo trabalho de Glen MacPherson; mesmo com uso de CGI e efeitos especiais, a fotografia de ‘Nas Terras Perdidas’ é um dos pontos que mais se destacam nessa produção.
Atentos aos desejos do público moderno, o longa está recheadíssimo de referências ao universo pop, não só pelas cenas de luta de Milla Jovovich (que nos remete à franquia ‘Resident Evil’) como por elementos que nos transportam à ‘Stranger Things’, ‘Mad Max’, ‘O Senhor dos Anéis’ e, claro, ‘Game of Thrones’. É possível que a principal referência seja, mais do que todas, aos quadrinhos ‘A Torre Negra’, de Stephen King, em que temos dois indivíduos atravessando o deserto tal qual personagens do Velho Oeste. A narrativa, inclusive, acompanha o estilo de desenvolvimento de uma HQ.
Em ‘Nas Terras Perdidas’, Dave Bautista é como um xerife que age como mercenário, com direito até aos acordes clássicos do gênero quando termina sua primeira matança. Junto com Milla, o filme de Paul W. S. Anderson faz com que os dois lutem contra o mundo e percorram situações que beiram o absurdo; lá pelas tantas, o espectador é obrigado a abandonar qualquer sentido de lógica e abraçar o irreal, no melhor sentido do entretenimento sem culpa.
Com uma tonalidade mais escurecida e um filtro sépia para transportar o espectador a um universo mágico, ‘Nas Terras Perdidas’ diverte e encanta pelo alto padrão da produção, e deixa uma portinha aberta para possível continuação. A depender dos escritos de George R. R. Martin, é bem capaz de estarmos diante da mais nova franquia do pai de ‘Guerra dos Tronos’.
