
Em meio à rotina de compras rápidas em farmácias, uma pergunta se tornou comum: “CPF na nota?”. A prática, que parece simples, levanta dúvidas sobre até que ponto nossos dados pessoais estão protegidos. Afinal, por que as farmácias querem tanto o número do CPF de seus clientes?
Embora muitas pessoas forneçam o dado automaticamente, sem refletir, essa solicitação aparentemente inofensiva pode ter implicações maiores do que se imagina — principalmente quando feita sem o devido esclarecimento.
CPF e riscos do uso indevido de dados pessoais

O CPF é um dos principais identificadores do cidadão brasileiro. Ele pode ser usado para abrir contas, solicitar crédito, realizar cadastros diversos e até acessar benefícios governamentais. Por isso, quando fornecido sem cuidado, torna-se um alvo fácil para fraudes e usos indevidos.
Farmácias alegam, com frequência, que o número é necessário para a emissão da nota fiscal eletrônica ou para a participação em programas de desconto. Contudo, muitas vezes, essa coleta também serve para alimentar grandes bancos de dados com informações sensíveis dos consumidores, como nome, endereço, hábitos de consumo e até histórico de compras.
O maior problema está na falta de transparência. Poucos estabelecimentos explicam claramente como os dados serão usados, por quanto tempo ficarão armazenados ou se serão compartilhados com terceiros. Isso pode abrir margem para vazamentos, abordagens indesejadas e até golpes.
O que pode acontecer com seus dados?
Quando o CPF é solicitado sem a devida proteção, a exposição do consumidor vai além da compra do dia. Há casos em que os dados são utilizados para montar perfis de consumo, aplicando segmentações que influenciam decisões de crédito ou os preços oferecidos.
Além disso, com base nesse tipo de informação, outras empresas podem direcionar campanhas personalizadas de forma invasiva. Em situações mais graves, os dados podem cair em mãos erradas, sendo utilizados para contrair dívidas em nome de terceiros ou clonar identidades.
A legislação brasileira, por meio da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), determina que qualquer coleta de dados pessoais deve estar atrelada ao consentimento informado e à clareza de uso. No entanto, isso nem sempre é observado na prática.
Conheça seus direitos e como se proteger
No estado de São Paulo, uma lei proíbe farmácias de exigirem o CPF como condição para a venda de produtos ou concessão de descontos. Mesmo fora da região, nenhum consumidor é obrigado a fornecer o número sem receber informações claras sobre o uso.
O ideal é perguntar ao atendente por que o CPF está sendo solicitado e se ele é realmente necessário para a compra. Caso não haja justificativa convincente ou se o cliente preferir, é possível recusar o fornecimento. A nota fiscal ainda poderá ser emitida com dados genéricos.
Outro ponto importante é evitar repassar informações adicionais, como telefone, e-mail ou data de nascimento, sem saber a finalidade. Manter-se atento aos próprios direitos é uma forma de garantir que o simples ato de comprar um remédio não se transforme em um risco para a sua privacidade.
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