Crítica | Meghann Fahy e Brandon Sklenar BRILHAM no instigante suspense ‘Drop: Ameaça Anônima’

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Christopher Landon ganhou notoriedade no cenário cinematográfico contemporâneo ao reviver o gênero do terror através de histórias originais e misturadas com drama, suspense ou comédia. Recebendo reconhecimento por parte da crítica e do público através de obras como ‘A Morte Te Dá Parabéns’ (cujo terceiro filme já foi confirmado com o retorno de Jessica Rothe) e ‘Freaky: No Corpo de um Assassino’, Landon sempre fez questão de trazer uma perspectiva diferenciada a suas produções. E, agora, ele retorna às telonas com o ambicioso thriller ‘Drop: Ameaça Anônima’, que chega aos cinemas nacionais amanhã, 10 de abril.

A trama é centrada em Violet (Meghann Fahy), uma mãe solteira e viúva que lida com o trauma de quase ter sido assassinada por seu ex-marido ao lançar-se de volta ao mundo. Trabalhando com vítimas de abuso doméstico físico e sexual, ela enfim decide enfrentar seus “demônios interiores” ao aceitar sair em um primeiro encontro com Henry (Brandon Sklenar), que conheceu em um aplicativo de relacionamentos há três meses. Deixando o filho aos cuidados da irmã, Jen (Violett Beane), ela vai até um prestigiado restaurante e conhece, enfim, seu pretendente – e as coisas vão bem até Violet começar a receber mensagens anônimas e assustadoras em seu celular, pedindo-lhe que envenene a bebida de Henry caso queira que o filho e a irmã não sejam mortos.

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Como podemos perceber, a narrativa abraçada por Landon traz inúmeras referências a obras similares, prestando clara homenagem aos filmes whodunnit que se tornaram bastante populares com a ascensão do cinema neo noir, além de abrir espaço para uma carta de amor a icônicos diretores. Porém, o diretor sabe que tem um enredo bastante familiar em mãos e, aliando-se aos roteiristas Jillian Jacobs e Chris Roach, constrói algo que não tem desejo de “reinventar a roda”, e sim apoiar-se em convencionalismos remodelados para satisfazer um público-alvo muito bem definido. O resultado, dessa forma, é extremamente positivo e nos envolve do começo ao fim ao longo de pouco mais de uma hora e meia.

‘Drop’ usa e abusa do talento de um elenco e de uma equipe criativa de ponta: para além das incursões certeiras de Landon, que aposta fichas em um uso propositalmente exagerado das cores vermelhas – refletindo não apenas o caráter do encontro de ambos, mas o perigo constante em que Violet se encontra, desde seu traumático relacionamento com o ex-marido até as contínuas ameaças de um psicopata anônimo – e em ângulos ousados à la Brian De Palma, a trilha sonora de Bear McCreary utiliza arranjos tétricos para nos guiar por essa jornada de subserviência mandatória e sobrevivência, enquanto a fotografia de Marc Spicer transfigura as fórmulas em pequenas sequências hitchcockianas que anunciam a iminência de um perigo mortal.

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Recém-saída de seu ótimo trabalho em ‘The White Lotus’, Fahy é o principal destaque de um ensemble de peso: aqui, a atriz indicada ao Emmy rouba os holofotes sem precisar se render a convencionalismos melodramáticos para transmitir a dor da protagonista, mantendo-se enclausurada em uma interpretação assustadora e fabulosa através de expressões on point e um trabalho invejável com a câmera. E, ditando o tom da história à medida que se desvencilha de fantasmas de um passado não muito distante, Fahy desfruta de uma química impressionante com Sklenar, que nos entrega uma performance tão boa quanto sua colega de cena, ainda que circunspecto a certos limites.

Contando ainda com a bem-vinda presença de Reed Diamond como Richard, um homem que Violet conhece no bar do restaurante enquanto espera Henry, todas as engrenagens do filme funcionam à medida que exploram quase todo seu potencial. É claro que, à medida que o filme chega à conclusão, percebemos que o roteiro adota um tom um pouco ocasional demais para ser crível aos espectadores, mas nada que arruíne a experiência, principalmente quando Landon consegue utilizar uma locação comum em um antro de possíveis suspeitos que estão sob vigilância constante de uma protagonista que não aguenta mais se ver na mesma situação.

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‘Drop: Ameaça Anônima’ é uma grata surpresa que reúne, em um mesmo lugar, talentos aplaudíveis que dão tudo de si para cumprir com o objetivo do projeto. Esquivando-se de deslizes amadores em prol de um entretenimento puro, o filme não pensa duas vezes antes de se apoiar nos tropismos do terror e do suspense, fazendo questão de mergulhar nas fórmulas para remontá-las a seu bel-prazer – e encontrando enorme sucesso com a proposta.

 

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