Pouco conhecida do público até agora, a startup Slate Auto está ganhando atenção por um motivo poderoso: Jeff Bezos. O bilionário fundador da Amazon está por trás da empresa por meio de seu fundo pessoal, em uma iniciativa altamente confidencial com o objetivo de revolucionar o mercado automotivo com um veículo elétrico acessível.
Segundo documentos e fontes ligadas ao projeto, a startup foi criada em 2022 e tem como meta colocar na rua uma picape compacta elétrica de dois lugares, com preço estimado em US$ 25 mil, até final de 2026.
Origem e conexões com a Amazon
A Slate nasceu dentro da Re:Build Manufacturing — uma incubadora de manufatura com DNA da Amazon, cofundada por Jeff Wilke, ex-CEO de consumo global da gigante do varejo, e Miles Arnone, colega de Wilke no MIT.
Boa parte da equipe da Slate tem passagens por grandes nomes da indústria como Ford, GM, Stellantis, Harley-Davidson e, claro, Amazon.
Além disso, Diego Piacentini, ex-executivo sênior da Amazon, também investiu na rodada inicial, reforçando os laços da empresa com o ecossistema de Bezos.
Financiamento robusto e nomes de peso
Em 2023, a empresa arrecadou pelo menos US$ 111 milhões em uma rodada Série A com 16 investidores. Bezos participou por meio de sua gestora familiar, administrada por Melinda Lewison, que figura como diretora nos registros.
Já a Série B, finalizada no final de 2024, ainda não foi oficialmente divulgada, mas documentos mostram a emissão de quase 500 milhões de ações preferenciais e sugerem a entrada de Mark Walter (CEO da Guggenheim Partners e dono do LA Dodgers) e Thomas Tull como membros do conselho.
Apesar do cenário desafiador para veículos elétricos, a Slate planeja iniciar a produção já em 2026 em uma instalação na região de Indianápolis, Indiana. A empresa ainda não revelou se comprou uma fábrica existente ou se vai construir uma nova.
Estratégia oposta à dos concorrentes
Enquanto outras startups, como Rivian e Lucid Motors, optaram por lançar modelos de luxo com margens altas, a Slate aposta em fazer o caminho inverso: começar com um modelo barato e funcional, que o consumidor possa personalizar com o tempo. “WE BUILT IT. YOU MAKE IT.” é o slogan registrado pela empresa, sinalizando a ênfase na personalização.

A Slate quer vender o carro como primeiro veículo de seus clientes e permitir que eles o personalizem conforme seu orçamento permite
Foco em acessórios e receita complementar
Além da picape elétrica, a Slate também pretende criar uma linha completa de acessórios, roupas e peças de customização, estratégia já adotada por marcas como Harley-Davidson (com vestuário) e Stellantis (com a divisão Mopar). Um cargo anunciado recentemente detalha que a empresa quer desenvolver “componentes utilitários” e itens voltados ao estilo de vida.
Apesar do sigilo, a Slate já exibiu seu protótipo funcional a investidores em um estúdio de design discreto em Long Beach, Califórnia. A empresa tem sido seletiva no processo de captação e mantém seu ciclo de divulgação completamente restrito.
Outro indício da abordagem inovadora é a criação da “Slate University”, um projeto de educação aberta para que proprietários e técnicos aprendam a mexer e personalizar seus veículos. A vaga para líder dessa área indicava que o objetivo é “criar um ecossistema de conteúdo técnico e educativo de forma aberta e colaborativa”.
Discrição estratégica
Diferente de outras startups do setor, a Slate não é liderada por seu fundador. Embora Miles Arnone, CEO da Re:Build, seja considerado seu idealizador, o comando operacional está nas mãos de Christine Barman, veterana da Chrysler com mais de 20 anos de experiência. Ela liderou projetos como o Chrysler 300, Dodge Charger e Jeep Cherokee, além de ter atuado na integração do Android Automotive e parceria com a Waymo.
Bezos não visitou publicamente nenhuma das unidades da Slate, tampouco comentou sobre sua participação. A empresa também se mantém silenciosa nas redes sociais e em seus canais públicos.
As conexões com a Amazon, porém, são inegáveis — desde a cultura de produto até a equipe de liderança.
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Uma aposta ousada em tempos incertos
A Slate surge como uma exceção no mercado: enquanto outros fabricantes lutam para manter margens ou escalam projetos bilionários com riscos altos, a startup aposta na simplicidade, na comunidade e na acessibilidade. Se conseguirem manter o preço prometido e entregar um bom produto, podem ser um player relevante nesta indústria em franca expansão.
Fonte: TechCrunch

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