IA entra em consultas médicas e fortalece relação com pacientes

A inteligência artificial (IA) já é realidade em consultas médicas, transformando a forma como profissionais de saúde atendem pacientes e promovendo um atendimento mais humanizado, com direito a olho no olho e menos tempo perdido com burocracias.

Desenvolvida pelo carioca Igor Couto, de 41 anos, a IA batizada de Sofya é capaz de ouvir toda a conversa entre médico e paciente, transcrever o diálogo com clareza, consultar milhões de artigos científicos em segundos e oferecer hipóteses diagnósticas e condutas baseadas em protocolos de saúde.

Mais do que um assistente digital, Sofya funciona como um verdadeiro “copiloto médico”. Ao processar quase 100 mil consultas por mês via telemedicina, a ferramenta propõe exames, medicamentos e cuidados específicos para cada caso. A previsão é de que esse número ultrapasse 1 milhão de atendimentos já no próximo ano.

“Se a IA errar 3%, o impacto é grande. Mas o médico, às vezes, erra 15%, 20%. Por isso criamos algo que ajude a reduzir esses erros e padronizar a qualidade do atendimento”, afirma Igor, especialista em deeptech, IA cognitiva e bioinformática, que agora comanda o projeto a partir de Miami, nos Estados Unidos.

Igor Couto (à direita) fundou a Sofya, startup que desenvolveu um inteligência artificial em parceria com o Hospital Sírio Libanês para apoiar médicos (Divulgação)

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Das anotações ao raciocínio clínico

A IA nasceu dentro do programa de inovação do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com o objetivo inicial de automatizar o preenchimento de prontuários médicos. Dois anos depois, está prestes a ser levada também para atendimentos presenciais em clínicas e hospitais.

Interface da Sofya, inteligência artificial que age como ‘segundo cérebro médico’ (Divulgação)

Com 14 profissionais atuando no Brasil e apoio de empresas como Meta e Oracle no exterior, a startup quer expandir a presença da IA para redes hospitalares e clínicas privadas. “Não podíamos ficar limitados ao Sírio. Vamos levar a Sofya para todo o ecossistema de saúde”, diz Couto.

Na prática, a tecnologia tem sido usada para reduzir o tempo gasto pelos médicos em tarefas burocráticas. “O médico precisa formular perguntas, criar hipóteses, adotar condutas e ainda registrar tudo. A IA tira esse peso e melhora a produtividade”, explica o médico Gabriel Garcez, da Conexa Saúde, que já usa a ferramenta em nove de cada dez atendimentos.

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Mais tempo para cuidar de pessoas

Com 6 mil profissionais de saúde e 115 seguradoras conectadas, a Conexa apostou na IA como forma de uniformizar os atendimentos em sua plataforma digital. “Estamos promovendo cuidado com mais qualidade, e isso passa pela adesão correta a protocolos médicos”, diz Garcez.

Para a endocrinologista Rachel Cardoso, a IA tem sido essencial nos atendimentos virtuais. “Com ela, posso focar totalmente no paciente. Fica mais fácil manter aquele olho no olho, sem me preocupar em anotar cada detalhe da consulta”, afirma.

Rachel destaca que a ferramenta sugere diagnósticos, prescreve medicamentos, tira dúvidas e reforça o raciocínio clínico. Mas alerta: “A decisão final ainda é nossa. A IA é uma assistente, não um substituto.”

Quebrando barreiras culturais na medicina

A adoção da IA também vem derrubando barreiras culturais entre os próprios médicos. Rachel conta que o pai, também médico, relutou em abandonar o papel, mas hoje é entusiasta da tecnologia. “Quando viu que a IA transcreve consultas automaticamente, disse: ‘Meu Deus, eu quero isso’.”

Mais que eficiência, a IA pode ser uma ferramenta poderosa para auditoria e segurança médica. A partir das escutas das consultas, será possível validar se protocolos foram seguidos, identificar possíveis riscos e melhorar a personalização de tratamentos.

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“Estamos entrando em qualidade clínica e, em um ou dois anos, com validação médica, teremos raciocínio clínico para personalizar ainda mais o tratamento”, afirma o CEO da Sofya.

O Brasil no mapa da inovação em saúde

Para Igor Couto, a IA tem potencial para transformar o modelo de saúde, principalmente em países como o Brasil. “A saúde pública brasileira é motivo de orgulho. Por que não podemos ter orgulho também de uma IA de saúde feita aqui?”, questiona.

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Nascido e criado no complexo do Muquiço, no Rio, o empreendedor já ajudou a democratizar a internet com o projeto Vai na Web. Agora, com Sofya, ele quer levar a “bandeirinha brasileira” para o topo da ciência global.

“Sou filho de mecânico, morei em um barraco na favela, estudei em escola pública e comecei a trabalhar aos 13 anos”, lembra.

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Fonte: Folha

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