Misturar finanças pessoais e corporativas é um risco que custa caro para a sua empresa

Uma das principais dúvidas que deveriam permear as reflexões dos empreendedores que estão iniciando a sua jornada é sobre até onde é saudável mesclar ‘finanças‘ pessoais e corporativas. É natural que no começo da operação exista uma zona cinzenta, porém a realidade é que esse comportamento compromete o equilíbrio financeiro da organização. 

Muitos acreditam que, se a empresa está dando lucro, não há problema em retirar uma parte para pagar uma conta ou outra. Ou ainda imaginam que, usando recursos próprios ou das lideranças, evitarão algum tipo de burocracia para formalizar um pagamento – quando, na verdade, terão ainda mais desgastes no futuro.

Desta forma, misturar finanças pessoais com as corporativas pode acarretar problemas como erros contábeis e complicações fiscais, além de tornar o fluxo de caixa uma verdadeira bagunça. No fim do mês, esses obstáculos abrem margem para confundir os pagamentos e trazer dores de cabeça para reconciliar tudo.

Não fazer essa separação mostra falta de organização e profissionalismo – e ninguém quer fazer negócios com uma empresa que parece estar vivendo no limite. Além disso, os credores avaliam o histórico financeiro da empresa na hora de conceder um empréstimo. Se as contas estiverem misturadas, torna-se impossível analisar com clareza a saúde financeira do negócio.

Mesmo assim, a prática ainda é uma realidade no país. Segundo o Panorama da Gestão de Despesas Corporativas no Brasil, estudo inédito que realizamos na Conta Simples com a Visa, 16% das empresas no Brasil (cerca de 3,5 milhões) utilizam cartões de crédito pessoais de seus donos ou sócios para cobrir despesas do negócio. 

Essa situação é tão comum que aconteceu “dentro de casa”. Durante um jantar, um dos executivos da Conta Simples descobriu que seu cartão pessoal havia “estourado” o limite por uma cobrança de software da empresa. A situação evidenciou um problema ainda maior: a dificuldade de obter um cartão corporativo no banco sem um histórico financeiro consolidado. O episódio foi um dos estopins para a criação da empresa, que nasceu para resolver justamente essa dor enfrentada por muitas PMEs.

Também há relatos de como esse problema pode ir além do desconforto cotidiano e chegar ao radar da Receita Federal. Um outro exemplo é de um C-level que utilizava um cartão pessoal para pagar ferramentas essenciais para a operação de tecnologia da empresa, acumulando reembolsos que chegavam a R$ 50 mil por mês. Porém, foi questionado, já que a sua movimentação financeira não era compatível com o seu salário, levantando suspeitas sobre inconsistências tributárias. Esse tipo de situação não só gera riscos fiscais, mas também compromete a credibilidade da empresa perante bancos e investidores.

Start na saúde financeira da empresa

Há algumas maneiras de escapar dessa armadilha e manter as finanças pessoais e da empresa separadas, como é o caso dos cartões de crédito corporativos. Ao contrário do processo de reembolso, que demanda a apresentação de todos os recibos e notas fiscais, esse recurso é totalmente prático. Não é preciso aguardar semanas para uma restituição, o colaborador simplesmente utiliza o saldo e justifica os gastos por meio dos comprovantes de despesas. 

E o melhor: com relatórios detalhados e o controle em tempo real, a ferramenta garante que o time financeiro saiba exatamente o destino dos gastos da empresa. As irregularidades e os desperdícios voluntários são drasticamente reduzidos no dia a dia, minimizando potenciais perdas relacionadas a práticas inadequadas.

Recursos como o cartão corporativo, que é aquele utilizado especificamente para as operações e atividades da empresa, também asseguram que a organização construa um bom histórico financeiro – o que facilita a obtenção de crédito no futuro. No entanto, vale destacar que as PMEs historicamente têm relacionamento com mais de uma instituição para acessar recursos e isso pode acabar prejudicando a gestão das despesas. Centralizar os cartões em um só lugar evita esse tipo de gargalo, já que permite que esse processo tenha mais previsibilidade, planejamento e economia de tempo na conciliação financeira.

Ainda vale citar outra alternativa tão prática quanto essa: o Buy Now, Pay Later (BNPL). Quase um cartão de crédito adicional, a opção permite que empresas realizem pagamentos à vista via Pix, boleto ou TED com flexibilidade de prazos estendidos ou com parcelamentos. É o modelo ideal para organizações com necessidades frequentes de empréstimos para manter o fluxo de caixa ou que negociam condições especiais com parceiros que não aceitam cartão de crédito.

De olho nas novas regulamentações

Outro ponto importante é o quanto soluções inovadoras como essa se adequam à atual realidade regulatória. Os bancos centrais de todo o mundo – incluindo o brasileiro – estão desenvolvendo novas regras nos últimos anos que valorizam a inovação e a transparência, com o objetivo de proteger os usuários de serviços financeiros.

Produtos como o cartão de crédito corporativo e BNPL se enquadram nessa nova era, estimulando a melhora da governança corporativa das empresas. São estratégias que alinham as necessidades das organizações às demandas do mercado, abrindo caminho para um crescimento sustentável.

Deu para perceber o quanto separar as questões pessoais dos negócios faz a diferença?

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