Dólar opera em alta após decisões do Copom e do Fed, Ibovespa tem leve queda

O dólar à vista opera em alta frente ao real nesta quinta-feira, 20, à medida que a força da moeda norte-americana no exterior ofuscava fatores internos mais favoráveis à divisa brasileira, com foco nas decisões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central.

Às 12h12, o dólar à vista subia 0,33%, a R$ 5,67 na venda.

Reagindo às decisões de juros

Os investidores reagiam à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na véspera de elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 14,25% ao ano, com as autoridades sinalizando mais um aumento de menor magnitude na reunião de maio.

Em comunicado, o Copom enfatizou que, para além da reunião de maio, a magnitude total do ciclo de aperto “será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.

Segundo analistas, a sinalização de que o ciclo de aperto monetário deve continuar é favorável ao real, uma vez que garante um maior diferencial de juros entre o Brasil e seus pares, atraindo recursos de investidores estrangeiros.

Antes da reunião, havia grande incerteza no mercado sobre qual seria o posicionamento do BC para além do aumento de juros já sinalizado em reunião anterior, com alguns investidores projetando que os membros poderiam deixar a decisão de maio totalmente em aberto.

“O Comitê optou por colocar uma sinalização futura, indicando que fará uma alta de menor magnitude em maio e que para após a decisão de maio, seu ritmo de altas vai ser definido pela convergência das expectativas inflacionárias”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

“Essa perspectiva de que o Brasil terá aumento de juros na decisão de maio deve contribuir para a ampliação do diferencial de juros brasileiro”, completou.

No entanto, a potencial força do real nesta sessão era ofuscada pelo avanço da moeda norte-americana no exterior, onde agentes financeiros ainda reagiam à decisão de juros do Federal Reserve na véspera.

O Fed manteve a taxa de juros inalterada na faixa de 4,25% a 4,50% nesta quarta-feira, como esperado, mas os membros indicaram que ainda preveem uma redução de 0,50 ponto percentual da taxa até o final deste ano, mesmo projetando um crescimento econômico menor para este ano.

Antes da reunião, operadores de futuros da taxa do Fed — que têm se mostrado cada vez mais preocupados com a possibilidade de uma recessão nos EUA — projetavam no mínimo dois cortes de juros este ano, com a possibilidade razoável de uma terceira redução.

Economistas, consumidores e empresários temem que as políticas do presidente dos EUA, Donald Trump — que incluem tarifas, controle rígido da imigração e demissões em massa no governo — possam prejudicar a atividade econômica.

“O Fed mostrou um cenário econômico mais desconfortável e pior para este ano, sinalizou como a incerteza está muito elevada, está difícil tentar fazer uma previsão confiável da evolução econômica do país neste momento”, disse Mattos.

“Eles mantiveram a mediana das previsões de corte de juros em 2025, mas sinalizam que é um cenário mais desconfortável.”

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,63%, a 104,030.

Para além dos receios em relação à economia norte-americana, investidores continuam receosos diante das incertezas geopolíticas em meio às negociações pelo fim da guerra na Ucrânia e da nova escalada das tensões na Faixa de Gaza.

Ibovespa

Já o Ibovespa hesitava nos primeiros negócios desta quinta-feira, após seis altas seguidas, com as ações da Minerva na ponta positiva após resultado trimestral, enquanto Petroreconcavo figurava entre os destaques de baixa, com agentes financeiros também analisando os números da petroleira.

Por volta de 12h19, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, tinha variação negativa de 0,09%, a 132.452,58 pontos. O volume financeiro somava R$ 2,56 bilhões.

Na véspera, o Ibovespa subiu 0,79%, a 132.508,45 pontos, maior patamar de fechamento em cerca de cinco meses, confirmando uma sequência de seis altas, o que não ocorria desde agosto do ano passado, quando fechou no azul em oito pregões seguidos. No melhor momento da quinta-feira, chegou a 132.984,25 pontos.

“O Ibovespa subiu pelo sexto pregão seguido se mantendo na tendência de alta dada pelas médias de 21 e 200 dias”, afirmou o analista técnico Gilberto Carvalho, da XP, em relatório a clientes. “Acima dos 133.000 pode buscar projeções nos 136.700 ou 148.000”, acrescentou.

Ele avalia que o Ibovespa teria sinal de realização na perda dos 131.400 pontos, mirando suportes entre 129.500 ou 126.000. “O IFR (índice de força relativa) está em sobrecompra, e ainda aponta para cima, favorecendo altas, mas se o indicador ficar abaixo de 70 favorecerá realizações.”

Investidores também repercutem nesta sessão decisão de política monetária do Banco Central brasileiro, que confirmou as expectativas e elevou a Selic para 14,25% ao ano, enquanto indicou um ajuste de menor magnitude na próxima reunião, em maio, se confirmado o cenário esperado.

 

DESTAQUES

– MINERVA ON saltava 9,12%, mesmo após reportar prejuízo líquido de R$1,57 bilhão no quarto trimestre do ano passado, revertendo o lucro apurado um ano antes. Executivos da maior exportadora de carne bovina da América do Sul disseram que a companhia conseguirá reduzir a dívida neste ano e em 2026.

– PETRORECONCAVO ON recuava 3,47% após mostrar lucro líquido de R$32,4 milhões no quarto trimestre do ano passado, enquanto o Ebitda somou R$403 milhões. A companhia também disse que suas reservas de petróleo atingiram 183,8 milhões de barris de óleo equivalente no final do ano passado.

– CAIXA SEGURIDADE ON perdia 3,01%, após precificar oferta secundária de ações a R$14,75 por papel. A venda foi feita pela Caixa Econômica Federal, acionista controlador, que se desfez de um total de 82,38 milhões de ações da companhia.

– HAPVIDA ON subia 0,44%, afastando-se da mínima da abertura, quando desabou mais de 8%, em meio à análise do balanço do quarto trimestre, com lucro líquido ajustado de R$514,7 milhões, salto de 98,8% ano a ano. Executivos afirmaram em teleconferência com analistas esperar que 2025 seja um ano de crescimento, com equipes mais focadas em aumento de vendas e menos distraídas com processos de integração. A companhia também anunciou adesão a um “acordo de liquidação parcial” de valores envolvendo um ressarcimento ao SUS e multas devidas à ANS.

– PETROBRAS PN tinha acréscimo de 0,06%, em dia de variações modestas do petróleo no exterior. A estatal também paga nesta quinta-feira a segunda parcela de remuneração aos acionistas referente ao balanço de 30 de setembro de 2024, no valor bruto de R$0,68 por ação ordinária e preferencial.

– VALE ON caía 0,47% acompanhando a fraqueza dos futuros do minério de ferro na China, em meio a preocupações persistentes sobre a demanda chinesa pelo principal ingrediente da fabricação de aço com a escalada da guerra comercial global.

– ITAÚ UNIBANCO PN mostrava acréscimo de 0,19%, em dia misto para o setor no Ibovespa, com BRADESCO PN cedendo 0,24% e BANCO DO BRASIL ON mostrando variação negativa de 0,35%, enquanto SANTANDER BRASIL UNIT mostrava acréscimo de 0,07%.

– POSITIVO ON, que não está no Ibovespa, avançava 5,4% após divulgar o balanço do último trimestre do ano passado, bem como previsão de receita bruta entre R$4,4 bilhões e R$4,8 bilhões para 2025.

– RANDONCORP PN perdia 1,78% após divulgação do balanço do quarto trimestre do ano passado, enquanto o conselho de administração aprovou mudanças no comando, com Daniel Randon assumindo como CEO da Randoncorp, enquanto Anderson Pontalti ocupará o cargo de CEO da Frasle Mobility. Os cargos eram ocupados anteriormente por Sérgio Carvalho.

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