Juros altos só prejudicam a economia, afirma CNI

Com os juros ainda altos, vale a pena fazer consórcios?
Taxa de juros elevada / Freepik

Após o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu elevar a Selic (taxa básica de juros) em 1 ponto percentual, levando a taxa a 14,25% ao ano, nesta quarta-feira (19), o que a CNI (Confederação Nacional da Indústria) considera não ser necessário para controlar a inflação e prejudicará o ritmo de crescimento da economia. Este é o maior patamar dos juros desde 2016.

“O nível atual da Selic, que implica taxa de juros real de 8,5% a.a. (3,5 p.p. acima da taxa neutra estimada pelo Banco Central), já tem impactado fortemente a economia, que apresenta desaceleração mais aguda do que a prevista, tanto pela CNI, como por diversos analistas econômicos. Essa desaceleração intensa da economia já seria suficiente para controlar a inflação”, avaliou Ricardo Alban, presidente da CNI

Na avaliação da Confederação, as expectativas sobre a inflação já estão sendo influenciadas pela perda de fôlego econômico. De acordo com a pesquisa Focus, do BC (Banco Central), a inflação esperada para os próximos 12 meses passou de 5,49%, na mediana apurada em 28 de fevereiro, para 5,23%, na mediana apurada em 14 de março.

O fato do PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre de 2024 ter crescido abaixo do esperado foi o ponto central da mudança. Além disso, o aperto monetário em curso já se traduz em aumento efetivo da taxa de juros dos tomadores de crédito, segundo a CNI.

A Confederação ressaltou que os efeitos das quatro altas da Selic sequer tinham se materializado plenamente, uma vez que há uma defasagem temporal entre a alteração nos juros básicos e o impacto na economia.

Por fim, a política fiscal avançando em ritmo menor também tende a provocar a desaceleração da atividade econômica, junto com a desaceleração do mercado de trabalho em 2025.

BC vai ajustar juros se necessário, ‘não tenha dúvida’, diz diretor

O diretor de Política Monetária do BC (Banco Central), Nilton David, afirmou nesta sexta-feira (21) que “não tem dúvida de que o Banco Central vai ajustar os juros se for necessário”. A declaração foi feita durante uma live do Bradesco BBI.

“É óbvio que a gente está ali com lupa, olhando tudo, atento a todos os sinais e sabendo que os sinais podem ser só ruído. Tem uma junção de tudo. Se necessário for, acho que não tem nenhuma dúvida de que o Banco Central vai ajustar os juros se for necessário”, disse o diretor, como apurou o Valor.

David ainda apontou que a política monetária afeta empresas e famílias de forma diversa, destacando que há empresas mais preparadas e outras nem tanto. “À medida que a gente aperta as condições monetárias via juros, corremos o risco de ampliar ainda mais essas desigualdades”, declarou.

Após ilustrar o cenário, David ressaltou que “não é sem custo” manter a política monetária apertada.

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