Quase metade do preço de carros novos no Brasil é imposto

A discussão sobre a carga tributária incidente no preço dos carros 0km no Brasil é antiga, mas recentemente ganhou nova força. O aumento nos preços e a queda nas vendas trouxeram à tona questões sobre o impacto dos impostos — como isso afeta diretamente o consumidor e a indústria?

A informação de que até metade do valor de um carro novo no país é composta por impostos circula amplamente, mas essa afirmação é mesmo precisa?

A tributação impacta, sim, os preços, mas outros fatores, como taxas de juros e lucros das montadoras, também desempenham um papel significativo.

Imposto sobre os veículos pode abranger uma boa parte do preço – Imagem: Gregory Costa/Pexels

Composição dos preços e impostos

A Receita Federal (RF) indica que o imposto sobre bens e serviços no Brasil chega a 45% do total arrecadado. No entanto, para carros, essa carga pode variar de 30% a 49%, de acordo com o modelo e a origem do veículo.

Os impostos que mais impactam o preço final dos automóveis são:

  • Imposto sobre Produto Industrializado (IPI);

  • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS);

  • Programa de Integração Social (PIS);

  • Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS).

O ICMS sofre variações estaduais, enquanto o IPI varia conforme a cilindrada e o combustível do veículo, com alíquotas entre 7% e 25%, o que impacta mais os automóveis movidos a gasolina.

Reforma tributária: um alívio?

A Câmara dos Deputados aprovou a reforma tributária em dezembro de 2024. No projeto, há alterações nas isenções fiscais, ao impactar diretamente a compra de veículos por pessoas com deficiência (PcD).

O texto impõe novas restrições à isenção do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e à Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).

Sob a nova proposta, a concessão de isenções para pessoas com deficiência estará condicionada a diagnósticos que comprometam a segurança ao dirigir.

Já para os interessados em geral em comprar um veículo?

Com a inclusão dos automóveis na lista de produtos sujeitos ao “imposto do pecado“, houve um aumento da tributação sobre os veículos.

O “imposto do pecado”, na verdade chamado de Imposto Seletivo, tem como alvo produtos que, de alguma forma, afetam negativamente a saúde pública ou o meio ambiente.

Tradicionalmente, itens como cigarros e bebidas alcoólicas já eram afetados por tal taxação; agora, os veículos, devido à poluição gerada, também foram incluídos.

Com a mudança na alíquota, o setor automotivo deve se preparar para possíveis ajustes em sua estratégia de mercado. Isso implica repensar custos, preços e talvez até investimentos em tecnologia voltada para sustentabilidade e eficiência.

Portanto, o cenário tributário e econômico brasileiro é complexo e propício para debates contínuos. A busca por equilíbrio entre uma tributação justa e a acessibilidade de preços é essencial para o futuro do setor automotivo no Brasil.

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