UFV colabora com um dos maiores projetos do mundo de restauração ecológica no Cerrado

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Cerrado é um dos biomas mais desmatados do país. (Foto: Divulgação/UFV)

Entre janeiro e dezembro de 2024, 9,7 milhões de hectares do Cerrado foram queimados, sendo que 85% das chamas atingiram áreas de vegetação nativa. Os dados são do MapBiomas, principal plataforma de monitoramento da vegetação do Brasil, e foram divulgados na semana passada. O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e um dos mais degradados do Brasil, onde ocupa 22% de todo território nacional. Com o objetivo de promover a restauração ecológica essencial nesta área, o Laboratório de Restauração Florestal da Universidade Federal de Viçosa (LARF/UFV), em parceria com a TTG Brasil Investimentos Florestais LTDA, deu início a um dos maiores experimentos de restauração de larga escala do mundo. Ao todo, será restaurada uma área de 81 hectares, o equivalente a cerca de 81 campos de futebol.  

Conforme a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e da equipe do MapBiomas Fogo, Vera Arruda, historicamente o Cerrado evoluiu com queimadas naturais, em sua maioria provocadas por raios durante a época de chuvas. “No entanto, o que temos observado é um aumento expressivo do fogo em períodos de seca, impulsionado principalmente por atividades humanas e intensificado pelas mudanças climáticas.” A especialista diz que o avanço das áreas queimadas em formações florestais é um dado preocupante, pois, em 2024, foi registrado o maior volume nos últimos seis anos, “demonstrando uma mudança na dinâmica do fogo que ameaça ainda mais a biodiversidade e a resiliência desse bioma essencial”. 

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Área do projeto equivale a 81 campos de futebol. (Divulgação/UFV)

Pensando em atuar nesta lacuna, o projeto foi instalado em Camapuã, no Mato Grosso do Sul, e conta com mais de 40 mil mudas de diversas espécies de árvores nativas do bioma e mais de uma tonelada de sementes. Cada parcela experimental tem cerca de um hectare, com tamanho suficiente para fornecer informações sobre desempenho ecológico e eficiência operacional. Os primeiros dados já foram obtidos e estão sendo analisados. A expectativa é de que os resultados sejam divulgados a partir do segundo semestre e contribuirão para a definição das melhores técnicas de restauração ecológica da vegetação do Cerrado, o que vai ajudar na recuperação da biodiversidade, além da estocagem de carbono e redução das mudanças climáticas. 

Cerrado tem nascentes das três maiores bacias da América do Sul 

A pesquisa está alinhada aos itens 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis); 13 (Ação contra a mudança global do clima); e 15 (Vida Terrestre) dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Segundo o coordenador do projeto na UFV, Sebastião Venâncio, o estudo deverá trazer contribuições valiosas para restauração do Cerrado, ecossistema que abriga as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul – Amazonas/Tocantins, São Francisco e Prata – o que resulta em um alto potencial aquífero e favorece sua biodiversidade. “Este e outros fatos o tornam um dos hotspots de biodiversidade mais ricos do mundo, com inúmeras espécies endêmicas, e também é um dos mais ameaçados pelas ações humanas”, afirma. 

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Resultados da iniciativa devem ser divulgados a partir do segundo semestre deste ano. (Divulgação/UFV)

O professor da UFV destaca que os estudos sobre restauração das vegetações savânicas e campestres do Cerrado estão apenas no começo e ainda carecem de informações sobre quais técnicas são adequadas. “O Cerrado é composto por um mosaico de tipos de vegetação, com florestas, mas principalmente com savanas e campos que se caracterizam pela coexistência de gramíneas e outras espécies herbáceas com as espécies arbóreas de crescimento lento. Dessa forma, os métodos e técnicas que visam à restauração das vegetações savânicas e campestres devem buscar a restauração dos diversos estratos que compõem estas vegetações. As técnicas de restauração estabelecidas para outros biomas podem não ser adequadas ao Cerrado”, ressalta. 

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