Dólar volta a superar R$ 6,10 e bolsa cai após dados de inflação no Brasil e de emprego nos EUA

O dólar subia mais de 1% frente ao real nesta sexta-feira, 10, embora caminhasse para uma queda semanal, conforme investidores reagiam a dados de emprego nos Estados Unidos que reforçaram a percepção de resiliência do mercado de trabalho da maior economia do mundo.

Às 10h57, o dólar à vista subia 1,1%, a 6,1094 reais na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 1,09%, a 6,123 reais na venda.

A moeda norte-americana caminha para uma queda de 1,2% na semana.

O governo norte-americano informou que os empregadores norte-americanos criaram 256.000 postos de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, de 212.000 em novembro, em dado bem acima do esperado em pesquisa da Reuters, em que economistas projetavam 160.000 vagas de emprego.

O relatório ainda mostrou que a taxa de desemprego nos EUA recuou para 4,1% em dezembro, de 4,2% no mês anterior.

O resultado mostrou que o mercado de trabalho dos EUA continua resiliente, o que, junto de uma inflação ainda acima da meta de 2% do Federal Reserve, consolidou as apostas de que os membros do banco central devem desacelerar o ritmo de afrouxamento monetário.

Operadores passaram a ver 97% de chance de o Fed manter a taxa de juros inalterada na reunião deste mês, de 93% antes dos dados, e agora preveem apenas um corte de 25 pontos-base para o ano todo, abaixo das quase duas reduções — 40 pontos acumulados — projetadas anteriormente.

Diante da perspectiva de menos cortes de juros pelo Federal Reserve, os rendimentos dos Treasuries saltavam, com os rendimentos de algumas notas com alta de quase 10 pontos-base, um elemento bastante favorável para o dólar, pois torna a divisa dos EUA mais atrativa para investimentos.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,38%, a 109,610.

Nesta semana, alguns membros do banco central norte-americano já vinham apontando para a possibilidade de maior cautela no ritmo de afrouxamento dos juros.

“Com uma economia que está em uma boa situação geral e a política monetária já mais próxima de uma postura mais neutra, vejo a natureza atual da incerteza como um apelo para uma abordagem gradual e paciente para a definição da política monetária”, disse a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, disse na quinta-feira.

Os mercados globais ainda estão precificando que os próximos meses devem ser ainda mais favoráveis para o dólar diante da expectativa de que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump — que toma posse em 20 de janeiro — implemente tarifas de importação e outras medidas potencialmente inflacionárias.

Uma reportagem da CNN relatou nesta semana que Trump está considerando declarar emergência econômica nacional como uma forma de justificar legalmente uma série de tarifas a serem impostas sobre aliados e adversários.

“Os investidores se mostram um pouco mais avessos ao risco em função dessa incerteza de como que isso vai ser efetivado pelo novo governo Trump. A ideia, em geral, é que essas tarifas podem ter algum impacto inflacionário”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

No cenário doméstico, as atenções se direcionavam para a agenda macroeconômica. O IBGE informou que o IPCA subiu 0,52% em dezembro, de um ganho de 0,39% no mês anterior.

Com isso, o índice encerrou o ano de 2024 com uma alta de 4,83%, acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central — com centro de 3% e uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

As leituras recentes de inflação, a desancoragem das expectativas de preços no futuro, a percepção de uma atividade econômica superaquecida e a deterioração do real fizeram o Banco Central acelerar o ritmo de aperto dos juros no mês passado.

A autarquia elevou a Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano, e sinalizou mais dois aumentos da mesma magnitude nas duas primeiras reuniões deste ano, o que inclui o encontro de janeiro.

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