O PIOR filme da carreira de Margot Robbie está no streaming

Alice no País das Porcarias

Novo trabalho da estrela Margot Robbie (indicada ao Oscar este ano pelo estupendo Eu, Tonya), Terminal – título original do longa – pode ser assistido no catálogo do Amazon Prime Video.

Com o título nacional A Vingança Perfeita, a obra foi basicamente varrida para debaixo do tapete e agora chega no streaming brasileiro, mesmo estampando uma atriz do porte de Robbie. No Reino Unido, país de origem da produção, somente um cinema exibiu o longa na estreia. Neste caso, o desprezo é justificável.

Na trama, diversos personagens excêntricos se cruzam na madrugada em uma estação de trem deserta e interagem com segundas intenções. Temos a garçonete interpretada por Robbie, o professor doente terminal vivido por Simon Pegg, dois matadores de aluguel atrapalhados vividos por Max Irons (filho de Jeremy Irons) e Dexter Fletcher, e um misterioso faxineiro, papel do humorista Mike Myers – saindo de uma autoimposta aposentadoria de 7 anos.

Assista ao trailer:

O problema de A Vingança Perfeita já começa pelo seu título. Os realizadores acharam estar sendo muito espertinhos ao escolherem Terminal, que faz óbvia referência a estação terminal de trem, ao fato do personagem de Pegg ser um doente terminal e ao tema do filme, violência e morte. Não é inteligente? Não. É básico. Essa sensação permeia a obra com diálogos que se acham criativos e afiados, quando na verdade já vimos tudo isso feito de forma mais aprimorada e real. Aqui, tudo soa forçado.

Grande parte disso se deve pelo autor da obra. Vaughn Stein, diretor e roteirista de A Vingança Perfeita, foi diretor de segunda unidade de algumas grandes produções, vide Guerra Mundial Z (2013) e A Bela e a Fera (2017). Justamente por isso, ganhamos uma estética chamativa, de hipnotizar. Figurinos, direção de arte e fotografia são exuberantes. Mesmo esta sendo a estreia de Stein na direção de um longa, o sujeito mostra que entende do riscado quando o assunto é a parte técnica. O grande problema é o roteiro, item no qual Stein também debuta e deixa muito a desejar.

Tudo é desinteressante em A Vingança Perfeita. Os personagens não cativam, se mostrando apenas estereótipos sem vida. Os diálogos não fazem sentido e as situações que o cineasta cria são pífias. Logo de cara percebemos que Stein não deseja criar algo passado em nosso mundo, o que não seria problema caso compensasse com qualquer outro elemento de identificação. Todas as reviravoltas conseguem ser percebidas à distância, embora o diretor acredite piamente que está reinventando a roda. Para termos uma ideia do dano, o filme sofre da síndrome de The Spirit:O Filme (2008), de Frank Miller – imagine a tragédia.

Não dá para entender qual motivo levou uma atriz como Margot Robbie a sentir qualquer atração pelo roteiro – talvez a condição redentora e vingativa de sua personagem contra abuso. Sempre dizem que no papel algumas ideias soam mais atraentes. Talvez este mesmo motivo tenha levado Mike Myers, o eterno Austin Powers, a sair do exílio. Uma pena para ambos. Por outro lado, compreendemos perfeitamente o motivo pelo qual os envolvidos decidiram colocar uma pedra sobre A Vingança Perfeita.

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