Para além de ‘Ainda estou aqui’: conheça 5 filmes brasileiros sobre a ditadura militar

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O filme “Ainda estou aqui”, do diretor Walter Salles, estreou há cerca de duas semanas nos cinemas e já é um sucesso entre o público e a crítica. Abordando a ditadura militar como plano de fundo, através da história do desaparecimento de Rubens Paiva e como isso afetou sua família, o filme também é importante para entender o período e as formas de resistência que foram aparecendo, inclusive através da personagem Eunice Paiva, esposa do ex-deputado. Mas, para além dessa obra, existem diversos outros filmes brasileiros que tratam da ditadura militar e que conseguem dar um panorama diverso dos impactos que o período gerou na história do país. Conheça cinco desses filmes, selecionados pela Tribuna.

Em entrevista à Folha de São Paulo, o diretor de “Ainda estou aqui”, Walter Salles, destacou a importância de mais filmes abordarem o período, em um exercício de memória sobre o próprio país.

“Quando a extrema direita começou a ganhar força no país, ficou claro o quanto nossa memória dos anos de ditadura militar era frágil. Propor mais reflexos desse período parecia vital para entender melhor o trauma vivido, e não repetir os mesmos erros do passado. Em ‘Ainda estou aqui’, o Estado invade o coração de uma família, decide quem vai viver ou morrer, faz um corpo desaparecer”, afirmou, na ocasião. No mesmo sentido, conhecer esses filmes e prestigiá-los é uma forma de se inteirar sobre o período e refletir sobre o atual momento.

Confira filmes sobre ditadura militar:

“O que é isso, companheiro?” (1997)

Em “O que é isso, companheiro?” (dirigido por Hugo Carvana), um jornalista e seu amigo entram na luta armada de resistência à ditadura militar, até que um deles é ferido e capturado. A obra é baseada no livro de memórias homônimo de Fernando Gabeira, que trata especificamente do sequestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, por militantes revolucionários. A trama então expõe os motivos que levaram o personagem a escolher essa luta, os dilemas que surgem e os conflitos internos de cada indivíduo. 

O sequestro é lembrado como um dos momentos mais emblemáticos da ditadura militar, quando o desespero diante da censura, prisão e tortura fez com que respostas como essa acontecessem. A dupla de “Ainda estou aqui”, Fernanda Torres e Selton Mello, também aparecem na obra. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional de 1998, e está disponível no Prime Video e no Globoplay.

“Eles não usam black-tie” (1981)

Lançado ainda no final do período da ditadura militar, “Eles não usam black-tie” é dirigido por Leon Hirszman e adaptado da peça teatral de Gianfrancesco Guarnieri. A obra foi alvo de censura durante muitos anos, mas apesar dos cortes e intervenções, conseguiu chegar ao público. O foco da história é o movimento operário e as dificuldades que são impostas a vida dos trabalhadores.

A trama se volta para Tião e Tato, pai e filho. Enquanto o primeiro era militante político e compunha greves e resistência contra a ditadura, o segundo está desconectado das ideologias do pai e busca soluções mais individuais. O longa apresenta os conflitos geracionais entre os dois, que se estendem em toda a forma dos brasileiros reagirem de frente à repressão e à luta política. É possível assistir ao filme no Prime Video.

“Zuzu Angel” (2006)

O filme “Zuzu Angel”, de Sérgio Rezende, conta a história real de uma estilista brasileira que, ao longo dos anos 1960, está cada vez mais famosa no país e no exterior. Enquanto sua carreira deslancha, seu filho, Stuart, entra na luta contra a ditadura militar e desaparece. Ele se torna mais uma das vítimas da repressão.

Zuzu, aparentemente alienada ao sistema, então, precisa se engajar na luta para encontrar o filho. À medida que isso acontece, ela vai se tornando uma figura cada vez mais incômoda para a ditadura, e também encontra no seu trabalho formas de protestar contra o que estava acontecendo no país. Parte das filmagens, inclusive, foram feitas em Juiz de Fora. O longa está disponível no Prime Video.

“O ano em que meus pais saíram de férias” (2006)

A partir da perspectiva de uma criança, “O ano em que meus pais saíram de férias”, de Cao Hamburguer, consegue mostrar os impactos que a repressão gera em uma família comum. Enquanto os pais de Mauro, um menino que adora futebol e jogo de botão, são obrigados a fugir da perseguição política, ele acredita que eles saíram de férias sem motivo aparente. 

A criança, então, é deixada com o avô paterno, que enfrenta problemas de saúde e passa a ter a companhia de Shlomo, vizinho e judeu solitário. Enquanto vive a infância, ele se questiona se seus pais vão, de fato, voltar – e começa a perceber pequenas pistas do que pode ter acontecido. O filme está disponível no GooglePlay.



“Malu” (2024)

“Malu”, de Pedro Freire,  é um filme que estreou no Festival do Rio deste ano e que segue em cartaz em algumas cidades e em programações especiais como a do Primeiro Plano, em Juiz de Fora. Ainda que trabalhe o período de forma sutil, trata da vida da atriz Malu Rocha e seus altos e baixos.

Diante do envelhecimento, Malu se vê ainda assombrada pelo conservadorismo que interrompeu sua carreira nos anos de ditadura militar. Durante a trama, seu sonho é conseguir dinheiro para construir um teatro no terreno em que mora, junto com a sua mãe, com quem tem uma relação difícil. Sua filha, que também quer ser atriz, surge para visitá-la e apresenta mais uma perspectiva sobre a relação com a arte.



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