Ciudad del Este se consolida na era dos megashoppings

Comércio de Ciudad del Este

Do pequeno centro comercial que surgiu com a venda de uísque, perfumes e brinquedos na década de 1960 até tornar-se a “Meca dos Sacoleiros”, Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu, passou por diversas fases.

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Nos últimos anos, com o crescimento do turismo de compras, o comércio tomou outros rumos e começa a consolidar-se a partir de grandes shoppings. De olho nos turistas, os comerciantes pensam cada vez mais em investir no conforto, bom atendimento e lojas com amplos e seguros estacionamentos.

Atualmente, pelo menos dois grandes grupos investem na construção de megashoppings em Ciudad del Este, a Cellshop e o Shopping China. Ambos os empreendimentos estão sendo erguidos na região próxima ao Rio Paraná, onde já estão instalados o Shopping Del Este e o Shopping Paris.

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Shoppings são atração do comércio de importados. Foto: Marcos Labanca

Cellshop investirá US$ 40 milhões

Com investimento estimado em US$ 40 milhões, incluindo a estrutura e o terreno, a Cellshop está construindo uma loja de 53 mil metros quadrados perto da catedral de Ciudad del Este.

São oito mil metros quadrados de depósito logístico, estacionamento para 400 carros e um piso completo de 11 mil metros quadrados. Além disso, outro piso do mesmo tamanho terá 50 lojas destinadas à locação.

O roof top do prédio terá seis restaurantes fast food, dois restaurantes premium e uma área de eventos para até três mil pessoas que será palco de shows, stand ups, treinamentos e capacitação.

“Estamos muito entusiasmados, felizes e motivados”, diz o CEO da Cellshop, Jorbel Griebeler. Com inauguração prevista para dezembro de 2026, o shopping vai gerar empregos e dobrar o atual número de colaboradores da Cellshop, passando dos atuais 700 para cerca de 1.500, estima.

Fachada CellShop
Arquitetura da nova CellShop. Foto: Divulgação

Griebeler diz que a presença do turista é cada vez mais expressiva em Ciudad del Este, e neste ano o fluxo está pelo menos 30% maior em relação aos anos anteriores. Em outubro, somente em um dia, a Cellshop registrou, por meio de câmaras, um fluxo de 18 mil pessoas na loja fora do período de férias. A média normal é dez mil.

Obra nova CellShop
Obra ficará pronta em 2026. Foto: Divulgação CellShop

Segurança para investir em Ciudad del Este

Presidente da Câmara de Comércio e Serviços de Ciudad del Este, Said Taigen informa que o comércio local mostra sinais de recuperação depois da pandemia. Para ele, os investimentos atuais feitos por grandes empresas mostram que o Paraguai é um lugar seguro para o empresário.

“Há investimento porque há confiança no governo”, frisa. Segundo ele, a contrapartida vem dos governos municipal, estadual e federal.

Rodovia Internacional PY02, em Ciudad del Este, em um dia de normalidade na fronteira. Foto: Marcos Labanca/H2FOZ
Rodovia Internacional PY02, em Ciudad del Este, em um dia de normalidade na fronteira. Foto: Marcos Labanca/H2FOZ

Para o presidente do Centro de Importadores de Alto Paraná (CICAP), Charif Hammoud, o comércio de Ciudad del Este está organizando-se e formalizando-se cada vez mais. “Nosso objetivo hoje é o consumidor final, turistas, famílias. Temos ainda um pouco de problemas de trânsito, mas tudo vai terminar com a abertura da segunda ponte Brasil-Paraguai”, ressalta.

A expectativa, diz Hammoud, com a segunda ponte, é abrir as lojas durante a noite, como já ocorreu nos primórdios de Ciudad del Este.

Contrabando em larga escala

Diretor-presidente do Centro Empresarial Brasil-Paraguai – Braspar, Wagner Enis realça que o perfil do comércio de Ciudad del Este mudou. No lugar no qual predominavam bugigangas e mercadorias falsificadas, hoje há artigos de luxo, eletrônicos, roupas e celulares.

Para ele, o futuro do comércio de Ciudad del Este passa pelos shoppings. “O comércio de Ciudad del Este vai se transformar no comércio de grandes shoppings para turistas.” A expectativa, diz Hammoud, com a segunda ponte, é abrir as lojas durante a noite, como já ocorreu nos primórdios de Ciudad del Este.

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Operação intensifica a fiscalização nas fronteiras terrestres, combatendo o contrabando e o descaminho – foto: Divulgação/RFB

Enis acredita que o movimento de sacoleiros está diminuindo cada vez mais para dar lugar ao turista. Quanto ao contrabando, que ainda persiste, é feito em larga escala, chegando a cifras milionárias. Quando se trata de celulares, menciona, o contrabando do Paraguai para o Brasil está entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões por ano.

Atualmente, há cerca de 4.400 lojas no microcentro de Ciudad del Este. A falta de estacionamentos amplos e de segurança nas ruas influencia na decisão de compra dos turistas; por isso, os shoppings são cada vez mais procurados.

Apesar dos avanços na segurança e da melhoria na fiscalização das lojas, ainda há casos de golpes em turistas.

Descontos

As megapromoções que se tornaram frequentes em Ciudad del Este nos últimos anos são outro exemplo da mudança do perfil comercial. As lojas que no passado mal investiam em publicidade hoje se unem para fazer a chamada Black Friday, com o intuito de atrair justamente o turista.

A próxima Black Friday será realizada de 14 a 17 de novembro. São 40 empresas patrocinadoras e mais de 150 lojas participantes, incluindo bancos que oferecem financiamento para compras. A expectativa é a de atrair 140 mil pessoas.

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