Elon Musk é criticado por compartilhar ‘deepfake’ de Kamala Harris

O bilionário Elon Musk, dono do X, recebeu duras críticas nesta segunda-feira (29) por compartilhar na rede social um vídeo ‘deepfake’ com a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, que, segundo ativistas da tecnologia, viola as políticas da própria plataforma.

Musk republicou um vídeo manipulado da campanha de Harris em que uma voz que a imita chama o presidente Joe Biden de “senil” e declara que ela não “sabe o mínimo sobre governar o país”. Acrescenta ainda que, como mulher e pessoa não branca, ela é a “contratação de diversidade máxima”.

O vídeo foi originalmente postado por uma conta no X ligada ao podcaster conservador Chris Kohls e rotulado como uma “paródia”. Mas o compartilhamento de Musk não fez essa especificação, dizendo apenas: “Isso é incrível”, junto com um emoji de risada.

A publicação do bilionário obteve mais de 130 milhões de visualizações e ocorre em meio às crescentes preocupações sobre o uso de inteligência artificial (IA) para desinformação política, antes da eleição presidencial dos EUA em novembro.

“Acreditamos que o povo americano quer a verdadeira liberdade, oportunidade e segurança que a vice-presidente Harris está oferecendo; não as mentiras falsas e manipuladas de Elon Musk e Donald Trump”, reagiu a campanha de Harris em um comunicado.

Com quase 192 milhões de seguidores, Musk é uma voz altamente influente na plataforma, anteriormente chamada Twitter, que ele comprou em 2022 por 44 bilhões de dólares (R$ 214 bilhões, na cotação da época).

No início deste mês, Musk endossou Trump em uma publicação no X logo após o republicano escapar por pouco de uma tentativa de assassinato durante um comício na Pensilvânia.

Gavin Newsom, o governador democrata da Califórnia, escreveu na rede social que o vídeo manipulado de Harris “deveria ser ilegal” e que em breve assinaria um projeto de lei proibindo esse tipo de conteúdo.

A republicação de Musk parece violar as diretrizes do X, que proíbem o compartilhamento de “mídia sintética, manipulada ou fora de contexto que possa enganar ou confundir as pessoas e levar a danos”. A empresa não respondeu ao pedido de comentário da AFP.

“Ignorando as regras da estrada porque ele comprou a estrada”, disse no X a advogada Nora Benavidez, da organização Free Press.

Pesquisadores de desinformação temem o uso indevido desenfreado da tecnologia de IA em um ano eleitoral importante, graças à proliferação de ferramentas online que são baratas e fáceis de usar, mas carecem de barreiras de segurança suficientes.

“As plataformas desempenham um papel desproporcional nos ciclos eleitorais”, escreveu Benavidez. “Elas precisam fazer melhor.”

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