Após acidente com ônibus, moradores do Bairro Niterói estão há quase um mês sem transporte público 

Bairro Niteroi Leonardo Costa 17

Há cerca de 10 anos, a família de dona Ariedna Bolpato paga o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) da casa onde construíram na Rua João Duarte Silveira, no Bairro Niterói, na Zona Sudeste de Juiz de Fora. O mesmo local onde, no dia 19 de maio, um micro-ônibus caiu de um barranco enquanto passava pela via estreita e sem pavimentação.

Mensalmente, a família Bolpato paga R$ 103 de IPTU, assim como os demais moradores da parte inicial do bairro, que contribuem com a expectativa de ver melhorias em infraestrutura, saúde e educação. Quando questionada sobre o valor total arrecadado junto aos moradores do bairro, a Prefeitura de Juiz de Fora escolheu não se manifestar. 

Bairro Niteroi Leonardo Costa 17
Local onde ocorreu acidente com ônibus da linha 300 em maio (Foto: Leonardo Costa)

Há ainda uma parcela da população que, embora tenha adquirido o imóvel por meio de contrato particular de compra e venda — sem escritura pública ou registro em cartório —, aguarda o prazo para requerer o usucapião e, por isso, está temporariamente isenta da contribuição. Em comum, todos eles compartilharam com a Tribuna a sensação de abandono do Poder Público. 

A ausência de infraestrutura no bairro, desde o dia do acidente, ganhou outros contornos. Dois moradores que eram passageiros do ônibus morreram em decorrência do acidente. Os demais, desde então, estão isolados, visto que não há ônibus no bairro a cerca de 25 dias.

A presença do transporte coletivo na região é um avanço recente — só foi implantado em 2024 —, mas teve impacto fundamental na rotina dos moradores, que agora se preocupam com a perda de um direito conquistado há tão pouco tempo.

Assim, os moradores se arriscam todos os dias a pegarem ônibus na BR-267. Como é o caso de Elaine Gonçalves, de 41 anos, que todos os dias sai de casa por volta das 5h40 para ir para o trabalho na Rua Dom Viçoso, no Alto dos Passos, na Zona Sul de Juiz de Fora. “Esses dias pra trás estava chovendo e aquela descida da barragem para a gente passar está um perigo. Há risco de escorregar mesmo, Deus é quem segura a gente”, conta Elaine, que tem duas filhas que passam a mesma dificuldade para ir estudar. Ela relata que os ônibus que circulam na rodovia são de outros bairros e que quando passam pelo local já estão lotados. 

Ainda sem previsão de retorno dos coletivos

Segundo a Prefeitura de Juiz de Fora, a Secretaria de Mobilidade Urbana vem monitorando o local para “tomar as providências cabíveis”. Mas que ainda aguarda o laudo pericial da Polícia Civil sobre as circunstâncias do acidente com o micro-ônibus para que demais ações sejam tomadas. 

Em contato com a Polícia Civil, Márcio Savino, delegado responsável pelo caso, informou que as investigações ainda estão em curso e que ele também aguarda o laudo ser concluído. De acordo com Savino, há 30 dias de prazo para a conclusão do inquérito e o período pode ser prorrogado. 

De volta ao executivo, a PJF informou que “futuras intervenções para a infraestrutura do local estão em cadastro de projetos e necessitam de avaliação conjunta com a Cesama para que sejam definidas as ações necessárias”. Também foi informado que todos os serviços de responsabilidade da PJF, como limpeza da rua e remoção de vegetação foram realizados e outras demandas relativas a propriedades particulares já foram notificadas aos responsáveis. 

A nota enviada pela Prefeitura à Tribuna acrescenta que “a linha que opera no bairro continua circulando, tendo sido interrompida, por segurança, apenas no trecho em que houve ocorrência no dia 19 de maio”. A moradora Elisabete Salgueiro, 60 anos, confirmou a reportagem que a única linha que passava pelo interior do bairro era aquela, os demais ônibus passam somente pela BR. Já a VIA -JF, informou que não é a empresa quem define rotas, itinerários e quais veículos irão atender determinada região. “Nós acatamos as determinações da PJF”.

O vereador Zé Márcio, que foi citado por moradores do bairro como político responsável por levar as demandas do bairro à prefeitura, informou por meio de nota que está trabalhando para que os moradores voltem a ter acesso ao transporte público com segurança. “No início de 2024, conseguimos implantar o micro-ônibus na região, que era uma demanda antiga dos moradores que não tinha ônibus no bairro.  Além disso, também foram feitos pedidos de melhorias para localidade como recuperação de escadões, asfalto e melhorias na iluminação”, finalizou.

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