
As vendas no varejo brasileiro recuaram menos do que o esperado em abril, mas ainda assim interromperam uma sequência de três meses seguidos de alta. O movimento ocorre em meio a um esperado processo de desaceleração da economia, diante de condições monetárias restritivas. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em abril, as vendas varejistas tiveram queda de 0,4% na comparação com o mês anterior, melhor que a expectativa de recuo de 0,8% apontada por pesquisa da Reuters. Ainda assim, o resultado representa a maior retração desde junho do ano passado (-0,9%).
Na comparação com abril de 2024, houve avanço de 4,8%, superando a projeção de alta de 3,4%.
“Está havendo uma desaceleração, após três meses de crescimento. Existe o efeito base, pois o patamar anterior foi recorde. É muito mais difícil subir”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, lembrando que em março o varejo atingiu o maior nível da série histórica, iniciada em janeiro de 2000. “A nossa interpretação é de uma perda na margem, mas não uma mudança de trajetória”, completou. As informações foram coletadas pelo UOL.
Expectativas e condições financeiras
A expectativa de analistas é que o setor varejista apresente uma acomodação ao longo do restante do ano, em um cenário de condições financeiras restritas, aperto monetário prolongado e inflação elevada — com destaque para os preços de alimentos.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central volta a se reunir na próxima semana para decidir sobre a Selic (taxa básica de juros), atualmente em 14,75% ao ano.
Análise de especialistas
“Os dados sugerem desaceleração tanto pelo lado da renda quanto pelo crédito, com o varejo sensível à renda recuando 0,4% e o sensível ao crédito recuando 1,4% no mês”, comentou André Valério, economista sênior do Inter.
“Para os próximos meses, o desempenho do setor dependerá da manutenção do mercado de trabalho em patamar robusto, que tem dado sustentação à demanda. Por outro lado, as condições financeiras mais apertadas devem continuar a restringir o crédito”, concluiu Valério.
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