O Ensino da História da Segunda Guerra Mundial

Andreza S.C. Maynard

Dilton C.S. Maynard

Imagem retirada de: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-01/descoberta-de-auschwitz-faz-75-anos

 

Diante da abundância de informações disponíveis na internet, podemos nos questionar se é necessário manter, no ensino da História e na Educação Básica, temas como a Segunda Guerra Mundial, sobretudo quando lidamos com aprendizes que usam dispositivos celulares e ferramentas de busca de maneira tão perspicaz. Se está tudo bem visível e fácil de encontrar, por qual razão ensinar?

Um primeiro aspecto a observar é que esse conteúdo curricular não é ensinado apenas no Brasil. A Segunda Guerra permanece como uma das bases mais importantes do ensino de História em vários países, pois, além de ser concebida como um instrumento capaz de formar cidadãos conscientes, críticos e empáticos, contribui para a preservação da democracia, sobretudo diante da onda fascista que tem ganhado força nas últimas décadas.

Um segundo aspecto está no fato de que, para além de sua importância curricular, o fortalecimento do ensino da Segunda Guerra nas escolas é uma forma de combater o negacionismo histórico e promover valores democráticos entre os jovens. Por essa razão, a Unesco recomenda que o Holocausto — um dos principais e mais nefastos episódios daquele conflito — e outros crimes de guerra sejam tratados com acuidade pelos currículos escolares. Em um de seus documentos, a entidade pontua que “o Holocausto ilustra os perigos do preconceito, da discriminação, do antissemitismo e da desumanização”.

Este ano completam-se 80 anos desde o fim do conflito, e a preocupação com o ensino da história do Holocausto não é sem razão, sobretudo se considerarmos as disputas pela memória da Segunda Guerra, bem como a existência de iniciativas revisionistas e negacionistas, como se pode ver espalhadas em perfis criados em plataformas como Instagram, Facebook, WhatsApp, Telegram, Discord ou Truth Social. Contudo, a preocupação com uma leitura mais ampla, que abrange o cotidiano nos tempos da guerra, por exemplo, também é notada.

Recentemente, a Google lançou o modelo de inteligência artificial Veo 3, que produz vídeos ultrarrealistas. A ferramenta permite criar vídeos a partir de pequenos comandos de texto. Logo, o Veo 3 viralizou nas redes sociais, justamente com a divulgação de alguns vídeos que parodiavam acontecimentos históricos. E isso merece a atenção de educadores e autoridades, principalmente se considerarmos a maneira eficiente como grupos extremistas se apropriam do ambiente digital e de recursos tecnológicos.

A boa notícia é que, na internet, também se pode encontrar materiais concebidos com o rigor histórico e o cuidado com o ensino da História, como o site exclusivamente dedicado à Segunda Guerra, que será lançado em breve pelo Grupo de Estudos do Tempo Presente da Universidade Federal de Sergipe. Lá, o pesquisador, o professor e o estudante poderão encontrar desde documentos até verbetes sobre particularidades em torno do assunto. Há, no site, um olhar especial para Sergipe, valorizando o episódio dos torpedeamentos de navios mercantes em águas brasileiras, seus desdobramentos no dia a dia da população de Aracaju e de outras cidades do estado. No sítio, um pequeno passeio por pontos da cidade poderá ser realizado virtualmente.

Como se pode perceber, em um período em que há tanta desinformação circulando nas redes sociais, o ensino da história da Segunda Guerra nas escolas vai além do cumprimento de uma exigência curricular. Trata-se de uma forma de preparar a geração atual para resistir às ameaças contra a democracia e os direitos humanos, tão atacados pela extrema-direita.

Por fim, cabe ressaltar que o ensino de História mantém um compromisso com a veracidade dos fatos. Ensinar sobre a Segunda Guerra Mundial nas escolas pode envolver muitas ferramentas, inclusive o uso de recursos tecnológicos mais atuais, desde que acessíveis a docentes e estudantes. No entanto, a tecnologia — seja ela nova ou não tão nova assim — será sempre o meio, nunca o fim. Professores preparados e valorizados ainda seguem como essenciais em qualquer sociedade que pretenda evitar que os horrores produzidos no maior conflito armado do século XX se repitam.

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