Fluxo populacional em queda

O Censo Demográfico é um instrumento estratégico para elaboração de políticas públicas e definidor de repasses do Fundo de Participação dos Municípios, feito com base no número de habitantes. E os números apresentados nesta quinta-feira pelo IGBE chamam a atenção por conta das projeções. Após atingir seu máximo (220.425.299 habitantes) em 2041, população do país vai diminuir, chegando aos 199.228.708 habitantes em 2070.

No caso de Minas, essa redução vai ocorrer já a partir de 2039, e uma das causas é redução na taxa de fecundidade do país que recuou de 2,32 para 1,57 filho por mulher. Entre os estados, a taxa mais alta foi de Roraima (2,26) e a mais baixa, do Rio de Janeiro (1,39).

Os dados refletem também o perfil da sociedade que vem mudando de forma mais rápida, embora o censo ocorra de dez em dez anos. Em 2000, a idade média em que as mulheres tinham filhos era de 25,3 anos; passou para 27,7 anos em 2020 e deverá chegar a 31,3 anos em 2070.

Com uma participação mais ativa no mercado de trabalho, inclusive em cargos de direção, as mulheres adiam ao máximo a primeira gravidez, para evitar o comprometimento de projetos pessoais. Não há novidade nisso; basta avaliar o comportamento nas redes sociais.

Vários países já experimentam uma redução em sua população e outros uma estabilização. A China, durante todos os últimos anos o país mais populoso do mundo, cedeu a vaga para a Índia.

São muitos os fatores em questão, inclusive e econômicos. A esperança de vida ao nascer subiu de 71,1 anos em 2000 para 76,4 anos em 2023, e deve chegar aos 83,9 anos em 2070. Com isso, a previdência tornou-se matéria prioritária nas discussões, pois aumenta o número de benefícios em contraste com a queda nas contribuições. Há, pois, um viés que também entra na discussão sobre as políticas públicas ante o desafio que os novos números impõem.

A economia também afetará o fluxo migratório interno. Um expressivo número de cidades apresenta números estáveis de população, sobretudo por não oferecerem oportunidade de trabalho aos jovens. Por desejo ou por necessidade, buscam as metrópoles. Essa desigualdade já ocorre e vai se acentuar de acordo com as projeções do IBGE.

O desafio é a formatação de políticas para enfrentar a nova realidade. Na Zona da Mata, a maioria dos municípios registra queda no número de habitantes e outras estão estáveis há décadas. Para evitar o êxodo são necessários projetos diques, isto é, que contenham esse fluxo, o que só será possível com geração de emprego e renda, temas, aliás, que deverão fazer parte da agenda dos candidatos às prefeituras.

Os números do IBGE são reveladores. O Norte e o Nordeste deverão ser os mais afetados, mas unidades federativas como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas – por outras razões – também serão impactadas. Analisar as causas e suas consequências tornou-se uma necessidade para os gestores e para os demais organismos, já que os efeitos são coletivos.

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