
É quase impressionante como a curiosidade e o ódio movem nossa sociedade. Agora, esse sentimento se concentrou totalmente na nova moda em nosso país: os famosos e polêmicos bebês reborn, que provocaram uma histeria coletiva de parte da sociedade que acredita que a compra desses bonecos estaria relacionada a uma substituição de bebês de carne e osso.
Mas será que essa raiva é justificada? Ou apenas mais um assunto que polemizamos e não conseguimos enxergar um verdadeiro significado?
Os bebês que se tornaram febre no Brasil este ano têm uma história muito mais antiga do que muitos poderiam pensar. Apesar de terem suas raízes relacionadas ao período da Segunda Guerra Mundial, devido à escassez de brinquedos, foi apenas na década de 1990 que ficaram mais populares, quando artistas criaram bonecas que pareciam cada vez mais reais, comumente usadas para a realização de treinamentos médicos e de primeiros socorros, simulando aparência e peso de um bebê recém-nascido.
Com o passar do tempo, houve uma evolução nas técnicas para a criação dessas bonecas. E, assim, muitos artistas começaram a criá-las como forma de arte. A primeira boneca reborn que ficou famosa foi feita pela artista alemã Karola Wegerich, que a fez para um amigo, com o objetivo de consolá-lo após a perda de um bebê.
Desde então, esses bonecos têm se popularizado cada vez mais. E quando algo se populariza tanto assim, sempre irá gerar debate. Mas por que algumas pessoas parecem tão ofendidas com quem tem um bebê reborn?
Muitas daqueles que criticam não sabem o real motivo das pessoas terem essas bonecas. Há quem as adquire como item de colecionador, outros as utilizam como objetos para a promoção de suas redes sociais, as tornando influencers digitais. Há, ainda, quem recorra ao bebê reborn como forma de terapia para lidar com traumas e dificuldades emocionais. As pessoas que julgam podem não ter a empatia necessária para entender tudo isso ou, simplesmente, não quererem entender.
Agora, troque todas as vezes que utilizei a palavra boneca neste texto por vídeo-game, dirigir, comer, caminhar, será que daria a mesma polêmica?
*Felipe Silva Costa é aluno do Centro Universitário Estácio-JF
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