Medidas cobrem déficit de 2025, mas não solucionam fiscal

Foto: Freepik

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que o governo vai enviar ao Congresso as medidas apresentadas nos últimos dias para substituir a elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Na avaliação da economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, mais uma vez “as medidas se concentram em aumento de impostos, especialmente sobre o setor financeiro e sobre rendimentos de títulos de renda fixa, hoje isentos”.

Segundo a economista, ouvida pelo InfoMoney, o movimento tende a elevar ainda mais o custo de capital no Brasil — sobretudo em um cenário em que não há perspectiva de corte de juros no curto prazo. “A taxa Selic deve permanecer alta por um longo período, e a incerteza fiscal já apagou parte das apostas de cortes em 2025”, explicou.

Rafaela também alertou para o risco fiscal ainda sem solução estruturante, o que mantém os juros reais de longo prazo bastante elevados — com emissões do Tesouro ao custo de IPCA +7,2%.

Falta de medidas estruturais pode conter crescimento

Neste contexto, a ausência de medidas estruturais para conter o crescimento dos gastos públicos revela a dificuldade em adotar um caminho mais crível para o ajuste fiscal duradouro. “Mais impostos vão cobrir o déficit em 2025 e parcialmente em 2026, mas não resolvem a trajetória, que seguirá em deterioração sem reformas mais definitivas”, alertou a especialista.

Ela acrescenta que, para um ajuste mais consistente, seria necessário considerar propostas como a desvinculação dos pisos constitucionais da saúde e da educação, a revisão de regras do BPC, o apoio ao projeto de limite de supersalários e a reforma da Previdência dos militares. No entanto, segundo Rafaela, nenhuma dessas propostas parece ter o apoio do Executivo para avançar no Congresso.

“O aumento de gastos vem mantendo a demanda aquecida e o crescimento do PIB acima do potencial, o que eleva a inflação e resulta em política monetária restritiva. Sem solução à vista, o risco fiscal mantém o prêmio de juros em alta”, concluiu.

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