O processo do “núcleo crucial” da trama golpista entra nesta semana na fase de interrogatório dos réus. As audiências vão ocorrer presencialmente na sala de sessões da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Os sete acusados vão ficar frente a frente com o ministro Alexandre de Moraes, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, é o primeiro a depor. Como ele fechou acordo de colaboração premiada, os demais acusados têm o direito de falar por último.
O tenente-coronel é o único que prestou depoimento a Moraes anteriormente, quando teve que esclarecer contradições de sua delação. As defesas estão preparadas para explorar as diferentes versões do ex-assessor em uma tentativa de descredibilizar as acusações.
Na sequência, os réus vão ser chamados por ordem alfabética: Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Abin), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e Casa Civil).
Braga Netto será ouvido por videoconferência do Comando da 1ª Divisão de Exército, no Rio de Janeiro, onde está preso desde dezembro de 2024.
Moraes espera concluir os interrogatórios até sexta-feira (13). Veja o cronograma de depoimentos:
– Segunda-feira (9 de junho): 14h;
– Terça-feira (10 de junho): 9h;
– Quarta-feira (11 de junho): 8h;
– Quinta-feira (12 de junho): 9h;
– Sexta-feira (13 de junho): 9h.
Os réus vão sentar lado a lado e devem permanecer na sala de sessões. Eles só podem pedir para ser dispensados das audiências quando chegar a vez de prestar depoimento. Todos têm o direito de ficar em silêncio.
As audiências serão transmitidas ao vivo pela TV Justiça. A defesa de Braga Netto chegou a pedir o sigilo do depoimento alegando que “não é razoável que o ato mais importante de autodefesa seja realizado sob a mira de câmeras”. Moraes negou o pedido por considerar que os advogados não demonstraram “efetivo prejuízo” no interrogatório público.
Os réus vão responder a questionamentos da Procuradoria-Geral da República (PGR), dos advogados e dos ministros da Primeira Turma.
Embora seja permitido, não é comum que os ministros acompanhem cada fase do processo, como está ocorrendo na ação da trama golpista. Os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que compõem a Primeira Turma, acompanharam os depoimentos das 52 testemunhas e devem estar presentes nos interrogatórios dos réus ao longo desta semana.
As defesas estão preparadas para um clima tenso. Moraes vem conduzindo o processo com rigor. Nos interrogatórios das testemunhas, repreendeu advogados, confrontou o ex-comandante do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes, e ameaçou prender o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo por desacato.
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