
O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, o que faz com que o aumento das tarifas de importação de aço e alumínio pelo governo norte-americano represente um golpe duro para o setor siderúrgico brasileiro.
Desde 4 de junho, a alíquota sobre essas commodities dobrou, passando de 25% para 50%. A justificativa da administração de Donald Trump é de que a medida é necessária para combater o excesso de capacidade global — com foco especial na China, que, segundo autoridades americanas, estaria vendendo produtos abaixo do custo no mercado dos EUA. Isso colocaria em risco a segurança nacional e fragilizaria a indústria local.
A medida é parte da guerra comercial travada entre EUA e China, com o Brasil sofrendo os efeitos colaterais. Para o planejador financeiro e especialista em investimentos Jeff Patzlaff, a decisão provoca reações negativas nos mercados.
“As ações das empresas do setor podem sofrer desvalorizações devido à expectativa de queda nas exportações e redução de receitas” avalia o especialista.
Outro fator de preocupação é a possível instabilidade cambial, com pressão de alta sobre o dólar. Segundo Patzlaff, o impacto pode se estender ao crescimento econômico, uma vez que a indústria de base é essencial para diversos setores produtivos.
No pregão de segunda-feira (9), a moeda norte-americana operava em alta. Contudo, nos dias anteriores, o dólar alternou entre perdas e ganhos frente ao real.
Alta da produção de aço no Brasil e queda nas exportações pode ser oportunidade
Para Fernando Scheffer, fundador da Espaço Smart, o aumento da produção de aço no Brasil, aliado à retração nas exportações, cria um cenário propício para investir na transformação do setor de construção civil nacional.
“O Brasil tem uma indústria siderúrgica robusta. Com a retração nas exportações, é hora de olhar para dentro e usar o aço como motor de produtividade, sustentabilidade e inovação. Ele pode ser um grande aliado na modernização da construção civil, que enfrenta desafios justamente pela falta de avanços e novidades” afirma.
A Espaço Smart atua como um ecossistema de construção em Steel Frame — sistema que utiliza perfis de aço galvanizado como estrutura principal da edificação.
Segundo Scheffer, além de ser 100% reciclável, o aço possibilita a redução de prazos e desperdícios no canteiro de obras.
“É preciso enxergar o aço como um ativo estratégico. Com incentivo à produção local e investimento em capacitação técnica, o Brasil pode transformar esse desafio externo em oportunidade concreta de desenvolvimento interno” conclui.
Empresas mais afetadas pelas tarifas de Trump
As tarifas atingem diretamente o setor siderúrgico. Empresas como Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3), com relevante participação nas exportações para os EUA, tendem a ver queda nas receitas e margens de lucro.
No dia em que a medida entrou em vigor (4 de junho), a GGBR4 fechou com queda de 0,62%, mas se recuperou no pregão seguinte, com alta de 3,47% em 5 de junho. A USIM5 encerrou o dia 4 em queda de 1,14% e seguiu em patamares mais baixos nos dias posteriores. Já a CSNA3 não se recuperou desde então, fechando o dia no vermelho, com queda de 0,60%.
Entre as ações de maior peso do Ibovespa, Vale (VALE3) deve sentir impactos indiretos, uma vez que a redução na produção de aço pode diminuir a demanda por minério de ferro.
Além disso, empresas ligadas à logística e transporte podem ser afetadas pela queda no volume de exportações. O setor automotivo também deve sofrer: fabricantes de autopeças e montadoras que exportam para os EUA podem enfrentar aumento de custos e perda de competitividade.
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