Aida Franco de Lima – OPINIÃO
As administrações de Foz do Iguaçu, independemente do partido ou linha ideológica, parecem ter um compromisso. Um compromisso com a falta de cuidado com a questão ambiental e em não consultar a população sobre suas intervenções. Assim como aconteceu com os moradores do Jardim Social/ Jardim Eldorado, no entorno da Praça das Aroeiras, hoje é a comunidade da Vila A que questiona as intervenções da prefeitura, que toma decisões à revelia, sem consultá-la. Mais uma vez.
Importante relembrar que hoje, o que era a Praça das Aroeiras, virou um grande lamaçal. Isso porque a gestão anterior decidiu que ali deveria brotar uma escola. A Escola Municipal Professora Lúcia Marlene Pena Nieradka, que há 20 anos funciona sob as arquibancadas do estádio de futebol Pedro Basso. E os moradores, que tinham um tiquinho de esperança que com a nova gestão, a praça voltaria a cumprir sua função social, e a escola seria construída em local com área compatível, tiveram um banho de água suja. Em entrevista à Rádio Cultura, no dia 14 de abril, a Secretária Municipal de Educação Silvana Garcia explicou que o projeto arquitetônico da escola foi alterado, porém, será mesmo em cima de onde antes havia árvores.
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Sem nem resolver um problema herdado, a gestão atual agora comprou outra briga, desta vez com a comunidade da Vila A. Mais uma vez, sem consultá-la, a prefeitura decidiu transformar uma praça em uma pista de obstáculos para ciclistas. A chamada ‘pista pump track’ , cuja característica são grandes lombadas que impulsionam os ciclistas, em busca de alta velocidades e saltos.












- Ninguém é contra escola e nem contra pista com obstáculos para ciclistas. O que se questiona é o local onde estes novos empreendimentos são construídos. Não se respeita quem já vive no local, não se valoriza o espaço verde que tanto demorou para se desenvolver. Chegam as máquinas, tomam conta de tudo e ainda abre-se um racha entre a população, joga-se moradores contra moradores. O que deveria ser mais uma opção de lazer que pode muito bem ser construída em local apropriado e que não seja centro de disputa, se transforma em presente de grego para a comunidade. Bom para quem não é da região, pois vai embora e deixa o barulho e impacto para quem vive ali o tempo todo. Péssimo justamente para quem percebe sua tranquilidade e rotina, indo morro abaixo. Literalmente.
Lideranças da comunidade divulgaram documento enviado à Prefeitura, manifestando sua preocupação com o andamento do projeto, destacando: 1 –ausência de participação popular e estudos prévios; 2 – incompatibilidade do local escolhido; 3 – falta de recuos e de planejamento urbano; 4 – existência de áreas mais adequadas; 5 –impactos negativos ignorados.
Moradores alertam que o projeto não respeita os recuos mínimos, o que comprometem o equilíbrio urbanístico. Como exemplo citam Curitiba cujo recuo é de 100 metros entre a pista e áreas edificadas ou São Paulo, cuja distância é de 45 metros.
“Em Foz do Iguaçu, o projeto foi executado junto à calçada, delimitado por alambrados e sem recuos, o que agrava a poluição sonora, impede o uso da faixa de gramado para o passeio de cães, inviabiliza a instalação de mobiliário urbano (como lixeiras e sinalizações), reduz a efetiva largura da calçada (2,40 m) e compromete futuras ampliações, como a implantação de ciclovias ou pistas de caminhada”. Os moradores citam, entre outras observações, que o local há anos já sofre com a falta de manutenção dos alambrados, que as crianças que usam as áreas destinado a futsal estarão com sua segurança comprometida e que a inserção de estacionamento impacta na função ambiental do local.
Sempre importante frisar, absolutamente nada contra escola e pista de ciclismo, mas se cada macaco tem que estar no seu galho, o que percebemos aqui é que mais uma vez, está se descobrindo um santo para cobrir o outro. Utilizo ditados populares para destacar que em vez de trazer problemas, se a comunidade fosse ouvida teríamos soluções.
Antes de construir qualquer empreendimento, que muitas vezes serve tão somente para justificar verbas destinadas por políticos que precisam marcar sua presença nos seus territórios eleitorais, é preciso fazer a manutenção do que já existe. Na Vila A são moradores que recolhem o lixo e plantam as frutíferas. E quem é que vai cuidar de mais um elefante branco, quando a tal pista não for mais novidade?
Manutenção, Iluminação, limpeza, segurança. Antes de inventar mais sarna para se coçar, a prefeitura deveria fazer a lição de casa.
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